Morreu o cantor de culto Bill Fay, que inspirou várias gerações

O cantor e compositor de culto 'folk' Bill Fay morreu "pacificamente", no sábado, em Londres, aos 81 anos, anunciou a editora Dead Oceans, que lançou as suas recentes obras no relançamento de uma carreira suspensa nos anos de 1970.

Notícia

© PixaBay

Lusa
23/02/2025 20:36 ‧ há 2 horas por Lusa

Cultura

folk

A editora Dead Oceans, em comunicado, publicado no sábado à noite nas redes sociais, revelou que Bill Fay "morreu pacificamente esta manhã em Londres, com 81 anos", e que o cantor e compositor "era um homem gentil e um cavalheiro, sábio para além do nosso tempo".

 

"Era uma pessoa reservada com o maior dos corações, que escreveu canções imensamente comoventes e significativas que continuarão a ir ao encontro das pessoas durante anos", lê-se na nota.

A causa da morte não foi revelada, embora Bill Fay tenha lutado contra a doença de Parkinson durante os últimos anos.

Fay nasceu no norte de Londres em 1943, estudou eletrónica na faculdade no País de Gales, começando a escrever canções ao piano e harmónica, e as gravações que fez de alguns desses temas acabaram por facilitar a assinatura de um contrato com a Deram, subsidiária da Decca Records.

Os dois primeiros álbuns, de inspiração 'folk' pop e refletindo a sua religiosidade, "Bill Fay", de 1970, e "Time of the Last Persecution", de 1971, mais introspetivo e experimental, não tiveram sucesso comercial e a editora acabou por dispensá-lo.

Esta experiência levou Fay a comentar, numa entrevista ao The Guardian, publicada precisamente em 22 de fevereiro de 2024, mas sem ressentimento: "Não deixei o mundo da música, o mundo da música deixou-me a mim".

Como salientou o 'site' especializado Pitchfork, o álbum "'Time of the Last Persecution', em particular, foi uma resposta direta a algumas das grandes tragédias do século XX, incluindo os bombardeamentos de Hiroxima e Nagasaki, as leis [raciais] de Jim Crow e a guerra do Vietname".

Nas quatro décadas seguintes, Fay casou-se, criou uma família e trabalhou como jardineiro, peixeiro, apanhador de fruta e operário fabril, continuando a compor com um modesto equipamento de gravação caseiro, até que em 1998, como contou ao The Guardian, lhe telefonaram a dizer que os seus dois primeiros álbuns iam ser relançados.

A influência de Fay tinha-se espalhado por músicos como Jim O'Rourke, Jeff Tweedy, dos Wilco, Nick Cave, ou David Tibet, da Current 93.

Alguns anos mais tarde, o produtor discográfico Joshua Henry, que tinha contactado com "Time of the Last Persecution" na coleção de discos do seu pai, ajudou Fay a lançar mais três álbuns na Dead Oceans -- "Life is People" (2012), "Who is the Sender?" (2015) e "Countless Branches" (2020) --, que a editora na nota póstuma referiu contribuir para desfrutar "do seu estatuto de culto em tempo real".

Novas obras que, segundo Pitchfork, ampliou os seus fãs a músicos e bandas como The War on Drugs, A.C. Newman, dos The New Pornographers, e Stephen Malkmus, dos Pavement, recusando-se a fazer digressões e só raramente aparecendo ao vivo na televisão, preferindo levar a sua vida perto de Londres, a "encontrar canções no canto da sala", como disse em 2020 ao The New York Times.

A sua editora revelou que, "um mês antes" de morrer, Fay "estava ocupado a trabalhar num novo álbum".

"A nossa esperança é encontrar uma forma de o terminar e lançar, mas, por agora, recordamos o legado de Bill como o 'homem no canto da sala ao piano', que escrevia calmamente canções sentidas que tocavam e se ligavam a pessoas em todo o mundo", concluiu na nota de pesar.

Leia Também: Morreu o músico Peter Yarrow, do trio folk Peter, Paul and Mary

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas