Pela primeira vez o Festival, com curadoria de Pedro Costa, que decorre de 15 a 17 de maio, conta com um país convidado, Itália. O Festival, desde a primeira edição, tem registado um crescimento de espectadores.
"Podemos dizer que temos vindo a verificar um crescendo de audiências, cumprindo também uma das missões do Festival, a criação de novos públicos", disse à agência Lusa fonte da organização, acrescentando: "Na primeira edição tivemos uma audiência na ordem das 1.000 pessoas e, na segunda, quase 2.000".
Este ano, o festival realiza-se nas instalações do Campus da Universidade Nova de Lisboa (UNL), em Campolide, na capital, e, além de concertos, tem previsto a apresentação de um livro, 'masterclasses' e debates que "exploram o vínculo entre a cultura de inovação e inquietação própria da universidade e a experimentação na prática artística", afirma a pró-reitora para a Cultura da UNL, Clara Rowland em comunicado.
Sobre o país convidado, Pedro Costa assinala a tradição jazzística italiana desde a década de 1960, e afirma que "o jazz italiano continua no novo milénio a ser uma parte muito ativa no jazz europeu".
"Numa nova geração europeia de intercâmbios, Itália tem inúmeros representantes de relevo, alguns dos quais estão representados no Festival Causa Efeito como Giuseppe Doronzo ou Pasquale Caló, amiúde convidados ou catalisadores da mais interessante cena do novo jazz na Europa", salienta o curador. E acrescenta: "Paolo Angeli é o nome mais antigo desta geração, com um passado muito rico, não só na modernização da guitarra e canto original da Sardenha, como enquanto improvisador ao lado de nomes como Hamid Drake, Evan Parker, Ned Rothenberg ou Fred Frith".
No dia de abertura do Festival registam-se duas estreias nacionais: os trios noruguês-dinamarquês e o trio greco-italiano, Futuro Ancestrale.
O certame abre no dia 15, com uma mesa-redonda em torno do jazz italiano, no 'foyer' da Reitoria da UNL, seguindo-se, na garagem, a atuação do trio composto por Amalie Dahl (saxofone alto), Jomar Jeppsson Søvik (bateria) e Henrik Sandstad Dalen (contrabaixo), um trio de música improvisada que trabalha em Oslo.
Este trio tem formação em 'free jazz', "noise" e música 'avant garde'. O seu primeiro álbum, 'Fairytales for daydreamers', regista a sua primeira atuação ao vivo e foi editado em março de 2023.
O primeiro dia encerra com a atuação, no auditório, do agrupamento liderado por Giuseppe Doronzo, Futuro Ancestrale, um projeto eletroacústico fundado em 2022, que, além de Doronxo (saxofone barítono, neyanban bagpipes e hulusi), conta com Yannis Kyriakides ('live electronics') e Frank Rosaly (bateria e percussão).
No dia 16 assinalam-se as estreias mundiais, da encomenda do Festival, e a de Old Mountain, combo luso-argentino composto por Pedro Branco, no piano, João Sousa, na bateria, Camila Nebbia, no saxofone tenor, Hernâni Faustino e Drew Gress, nos contrabaixos. Este projeto dos músicos Pedro Branco, agora em piano depois de ter experimentado a guitarra, e João Sousa, é, segundo nota da organização "um dos mais fascinantes projetos do jazz feito em Portugal".
O segundo dia do certame começa com um ensaio aberto ao público, no auditório da Reitoria, com o saxofonista tenor italiano Pasquale Calo e o pianista português Rodrigo Pinheiro, apontado pela organização como "talvez o mais dotado pianista da livre improvisação em Portugal", que com Hernâni Faustino e Gabriel Ferrandini forma o RED Trio, que se tem destacado como combo de improvisação contemporânea.
Depois, em estreia nacional, no auditório, toca a guitarrista, improvisadora e compositora norueguesa Inga Stenøien, seguindo-se, às 21:30, no mesmo palco, a estreia mundial de 'Old Mountain', fechando a noite com a estreia da encomenda do Festival, por Pasquale Caló e Rodrigo Pinheiro
No último dia, no 'foyer' da reitoria, o escritor Daniel Spicer apresenta o seu livro 'Peter Brötzmann: Free-Jazz, Revolution and the Politics of Improvisation', sobre a vida e a música do saxofonista alemão que viveu entre 1941 e 2023, e o contexto social e político em que se desenvolveu.
A seguir, mais três estreias do festival: Paolo Angeli (guitarra da Sardenha preparada) atua no auditório, antes do saxofonista alto português José Soares e do pianista britânico Kit Downes, numa atuação que resulta de um encontro casual dos dois músicos em Amesterdão.
A fechar o Festival, outra encomenda em estreia, o projeto 'Sprotch', concebido para a presente edição, pelo quarteto Paal Nilssen-Love (bateria), Michael Formanek (contrabaixo), Yedo Gibson (saxofone tenor e soprano) e Alfred Wammer (trombone).
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