"A perspetiva para 2025 é uma perspetiva de crescimento. Mesmo com estes problemas económicos no mercado alemão ou no francês, para 2025 já temos um aumento de lugares disponíveis desse mercado, seja com a nova rota da Eurowings de Dusseldof para Ponta Delgada, seja com o reforço da Sata de Frankfurt para Ponta Delgada, com três frequências semanais", afirmou Luís Capdeville Botelho, num debate promovido pela Associação de Turismo em Espaço Rural Casas Açorianas, nas Velas, na ilha de São Jorge.
Para o presidente da Visit Azores, associação responsável pela promoção turística dos Açores, o facto de o número de lugares disponíveis nas rotas para os Açores ter aumentado em 2025 é um sinal de que as próprias companhias aéreas reconhecem que há procura pelo destino.
Ainda assim, alertou que o turismo é um setor sempre exposto a fatores exógenos, revelando que no início deste ano já se verificou uma redução do mercado norte-americano, segundo mercado emissor estrangeiro da região em 2024.
"A nossa estratégia de nos mantermos como um destino exclusivo não massificado é a estratégia certa para reduzir os riscos e a exposição que esses fatores exógenos a que o turismo está obrigatoriamente exposto", defendeu.
"Estamos no caminho certo. Há muito para fazer ainda, há muito para melhorar a vários níveis, nomeadamente ao nível da qualificação do produto e dos serviços", acrescentou.
Segundo Luís Capdeville Botelho, o mercado nacional continua a ser o principal mercado dos Açores e, apesar de ter tido um "crescimento praticamente nulo" em 2024, é o mercado que "tem contribuído mais para atenuação da sazonalidade" na região.
O presidente da Visit Azores disse que o turismo nos Açores tem conseguido crescer no inverno e defendeu que a captação de eventos é "uma forma muito importante" de atenuar a sazonalidade, mas precisa de um "plano mais robusto e de um sistema de incentivos mais robusto".
Além disso, acrescentou, também deve haver "algum controlo sobre o aparecimento de novos negócios" de turismo na região, pois o facto de haver maior procura de que oferta no verão estimula o aparecimento de novos negócios, que depois não têm ocupação no inverno, nem mão-de-obra.
"Se estamos a querer fazer um trabalho de atenuação da sazonalidade, era importante haver algum controlo sobre o aparecimento de novos negócios, porque não só dificulta o objetivo de atenuação da sazonalidade, mas coloca-nos cada vez mais em risco de exposição aos fatores externos", justificou.
O responsável admitiu mesmo que o arquipélago possa vir a controlar a sua carga turística no futuro.
"Temos limitações na subida da montanha do Pico ou ao Ilhéu de Vila Franca. Quem sabe se uma visão futura não poderá passar por trabalharmos no sentido de reconhecer os Açores a nível internacional como uma reserva natural como um todo e haver uma limitação numa lógica mais global dos Açores", questionou.
Também orador no debate, Atílio Forte, consultor e analista de turismo, que foi presidente da Confederação do Turismo de Portugal, considerou que 2025 levanta "muitos pontos de interrogação", devido à conjuntura internacional, em particular à política protecionista dos Estados Unidos, que pode conduzir a uma perda de poder de compra na Europa, onde Portugal tem os seus principais mercados emissores.
Ainda assim, Atílio Forte ressalvou que os Açores têm a seu favor o facto de serem um destino sustentável e de natureza, alegando que as pessoas começam a procurar destinos alternativos não massificados.
"Acho que temos de aprender muito com os Açores. Têm sabido limitar cargas turísticas, acessos a alguns pontos de visitação e têm esta ligação à natureza", salientou.
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