"Já temos uma experiência recente de aumento de tarifas em 2016 e 2017. E, portanto, já podemos aprender com aquilo que aconteceu e a forma como a União Europeia respondeu. O que eu espero é uma resposta de disponibilidade para negociar, porque as tarifas prejudicam todos e aqueles que serão mais prejudicados serão os consumidores e as empresas americanas e uma resposta seletiva que olhe aquilo que são os interesses da União Europeia", afirmou o ministro das Finanças.
O governante falava aos jornalistas no Palácio da Justiça, em Lisboa, após a entrega das listas do PSD ao círculo eleitoral de Lisboa, pelo qual é cabeça de lista nas eleições legislativas antecipadas de 18 de maio.
Miranda Sarmento sublinhou que a Europa atravessa um "processo de análise e reflexão" sobre as tarifas, mas defendeu que é o momento de os dois blocos económicos "se sentarem e poderem chegar à melhor solução possível, face àquilo que, neste momento, são interesses antagónicos".
Questionado sobre se a União Europeia se prepara para negociar nos termos que são impostos pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, o ministro das Finanças disse que isso não irá acontecer porque a "União Europeia também tem argumentos e forças para fazer valer".
"Eu não gosto da palavra retaliação, acho que a União Europeia deve responder de uma forma ponderada, de uma forma equilibrada, aproveitando aquilo que é a experiência de 2016 e 2017. A teoria económica já produziu alguns estudos sobre aquilo que foi a resposta europeia nesse momento das tarifas, embora agora, factualmente, tarifas sejam bastante superiores", acrescentou.
Sobre a bolsa de Lisboa - que abriu hoje a cair quase 6% -, Miranda Sarmento absteve-se de comentar, destacando apenas os resultados da economia portuguesa que demonstram uma "capacidade e uma resiliência muito grande" do país.
Miranda Sarmento, questionado sobre o programa eleitoral do PS, apresentado este fim-de-semana, insistiu que as propostas socialistas "trazem um défice para 2026" e que "o argumento do Programa de Recuperação e Resiliência" utilizado pelos PS "não colhe".
"Isto explica, sobretudo, uma enorme incoerência, uma enorme incongruência, um programa que por um lado não tem ambição, tem demasiado Estado, tem demasiado conformismo e que promete tudo a todos", criticou.
O mercado continua a ser afetado pela entrada em vigor das tarifas impostas pelo Presidente do EUA, Donald Trump, aos parceiros comerciais dos Estados Unidos e pelas medidas de retaliação anunciadas pela China, que podem ser seguidas pelas de outras grandes economias, como a da União Europeia (UE).
O comissário europeu para o Comércio, que está a negociar a aplicação de tarifas por parte da Casa Branca, apelou hoje às negociações com Washington, mas alertou que a União Europeia (UE) não vai esperar para sempre.
"Vai ser preciso tempo e empenho [...], os Estados Unidos da América (EUA) não olham para as tarifas como um passo tático, mas como uma medida corretiva", disse Maros Sefcovic, em conferência de imprensa depois de uma reunião ministerial, no Luxemburgo.
[Notícia atualizada às 15h44]
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