Solteiro no São Valentim? "O bem-estar não pode depender do estado civil"

Estivemos à conversa com Filipa Jardim da Silva, psicóloga clínica e fundadora da Academia Transformar, sobre a pressão social para se estar numa relação e o efeito do Dia dos Namorados em quem está solteiro.

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Ana Rita Rebelo
14/02/2025 11:27 ‧ há 5 dias por Ana Rita Rebelo

Lifestyle

Dia dos Namorados

"O Dia dos Namorados pode ser vivido de formas muito diferente pelos solteiros", começa por afirmar ao Lifestyle ao Minuto Filipa Jardim da Silva, psicóloga clínica e fundadora da Academia Transformar, lembrando que "pode ser um momento que amplifica sentimentos de solidão, rejeição, insegurança e tristeza por projetos e sonhos românticos e familiares ainda não se terem concretizado, a vida ter ido por um rumo diferente ao ambicionado ou até pela pressão social para se estar numa relação".

 

A especialista faz questão de frisar que "estar solteiro pode ser uma escolha consciente ou simplesmente uma fase natural" e que "nem todas as relações trazem felicidade".

Refere, por isso, que a data pode ser "um bom momento para refletirmos sobre o amor em todas as suas formas". Isto é, "em vez de nos focarmos no que supostamente falta, pode ser uma oportunidade para fortalecermos a relação mais importante de todas: com nós mesmos".

Leia Também: Perguntámos a quem sabe se é verdade que os opostos se atraem no amor

Que efeito pode o Dia dos Namorados ter em solteiros? 

O Dia dos Namorados pode ser vivido de formas muito diferente pelos solteiros. Para alguns, é um dia neutro ou até positivo, que encaram como uma celebração do amor no geral, incluindo amizades e autocuidado. Para outros, pode ser um momento que amplifica sentimentos de solidão, rejeição e insegurança e tristeza por projetos e sonhos românticos e familiares ainda não se terem concretizado, a vida ter ido por um rumo diferente ao ambicionado ou até pela pressão social para se estar numa relação

Esta data pode despoletar uma certa pressão.

Sim, especialmente devido à idealização do amor romântico promovida por redes sociais, publicidade e até por círculos próximos. Esta pressão pode vir de comparações com casais, da ideia de que todos têm alguém menos eu ou de crenças internalizadas sobre o sucesso pessoal estar ligado a estar numa relação.

O que podem as pessoas fazer para evitar que isso aconteça?

No fundo, redefinir o significado do dia. Devem celebrá-lo como um momento de amor próprio e social. Jantar com amigos, praticar o autocuidado ou fazer algo que traga bem-estar, por exemplo.

E quanto às comparações? Como é que podem contornar o que sentem ao deparem-se nas redes sociais com 'vidas perfeitas', muitas delas meramente ilusórias?

As redes sociais mostram apenas recortes idealizados da vida alheia. Além disso, aquilo que compõe o desenho de vida ideal para alguém não tem de ser idêntico a todos. Somos todos seres humanos, mas diferentes nas nossas prioridades, visões e valores. O ideal é focar-se no que já tem e sentir gratidão pelas relações, sejam familiares, amizades ou consigo mesmo.

Dos filmes e músicas às expetativas familiares e culturais, há uma narrativa dominante que associa sucesso e felicidade a estar num relacionamento. No entanto, essa ideia está a ser desconstruída

Frases e expressões como 'és encalhada', 'vais ficar para tia' e 'eterno solteirão' podem fazer com que solteiros se sintam mais sozinhos neste dia?

Naturalmente que sim. Pode fazer não só se sintam mais sozinhos, mas sobretudo, que se sintam a falhar, porque estes comentários reforçam estereótipos negativos sobre o estar solteiro, como se fosse um estado temporário ou indesejado. Estas expressões perpetuam a ideia de que uma vida plena só acontece dentro de um relacionamento, quando na verdade a felicidade e realização não dependem disso.

Considera que a sociedade continua a alimentar a ideia de que só as pessoas que estão numa relação são felizes?

Infelizmente, sim. Dos filmes e músicas às expetativas familiares e culturais, há uma narrativa dominante que associa sucesso e felicidade a estar num relacionamento. No entanto, essa ideia está a ser desconstruída.

Que passos podem ser dados nesse sentido?

Há cada vez mais valorização da individualidade e do bem-estar emocional independente do estado civil. Há cada mais desenhos de vida e de família que nos inspiram pela sua diversidade e que nos recordam que nisto de relações - e na vida no geral - não existe a perfeição ou um único caminho possível para se ser feliz.

Existem estratégias para melhor lidar com as críticas?

Com firmeza e humor. Normalmente, sugiro responder com frases como 'estou solteiro porque tenho critérios altos', 'estou numa relação incrível comigo mesmo', ou simplesmente ignorar pode ajudar. O mais importante é não permitir que comentários externos definam a autoestima ou o valor pessoal.

E para lidar com a pressão, o que recomenda?

Reforçar a própria narrativa. Estar solteiro pode ser uma escolha consciente ou simplesmente uma fase natural. Nem todas as relações trazem felicidade e o bem-estar não pode depender unicamente de um estado civil. O Dia dos Namorados pode, aliás, ser um bom momento para refletirmos sobre o amor em todas as suas formas. Em vez de nos focarmos no que supostamente falta, pode ser uma oportunidade para fortalecermos a relação mais importante de todas: com nós mesmos.

Leia Também: Juntos na vida e no trabalho: Como gerir? É amor ou companheirismo?

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