"Hoje é o Dia do Pensamento. Se eu mandasse, decretaria Dia de Portas Fechadas e Janelas Abertas. Um dia para ouvir os pensamentos, esses sussurros teimosos que nos acompanham para todo o lado, como sombras tecidas à pressa.
Pensar não dá tréguas, não pede licença. Às vezes, o pensamento é companhia que conforta. Outras vezes, é uma ventania que nos despenteia a alma. Porque o pensamento tem esse poder de moldar o mundo sem mexer um dedo. Um 'sempre' pode transformar uma sala vazia num campo de batalha. Um 'nunca' pode atirar alguém para um poço sem fundo e um 'e se?' pode alimentar-se dele próprio.
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E o pior é que a maioria desses pensamentos chega sem convite. São pensamentos automáticos. Teimosos. Persistentes e sem sentido de oportunidade. Vêm de crenças antigas, costuradas na infância, e repetem-se como ladainhas. 'Não sou suficiente'; 'vai correr tudo mal'; 'nunca vou conseguir'. E o eco dessas frases instala-se. Um quarto escuro onde a ansiedade e a depressão se sentem em casa.
Hoje, no Dia do Pensamento, proponho um desafio. Que olhemos para os pensamentos como para uma casa que não se arruma por completo. Que os deixemos falar e os escutemos como se escuta uma história, sabendo que nem todas as palavras são verdades absolutas. Que deixemos os pensamentos entrar, mas não os convidemos a sentar-se. E, quem sabe, no final do dia, não descobrimos que somos mais do que os nossos pensamentos."
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