Enrique Mora, número dois na diplomacia europeia, destacou através da rede social X, que manteve uma "discussão franca" com Majid Takht-Ravanchi e Kazem Gharibabad, dois adjuntos do ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, "sobre o apoio do Irão à Rússia, que deve acabar", ou sobre "a questão nuclear, que deve encontrar uma solução diplomática".
O diplomata europeu sublinhou também que abordou com os iranianos as tensões regionais, realçando que "é importante que todas as partes evitem a escalada", e sobre "os direitos humanos".
O Irão vai dialogar na sexta-feira com Alemanha, França e Reino Unido sobre o seu programa nuclear, a Palestina e o Líbano.
O porta-voz da diplomacia iraniana, Esmail Baghai, adiantou no domingo que o encontro foi abordado durante as reuniões que as partes tiveram à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, em setembro.
O Irão apoia firmemente o Hezbollah, no Líbano, e o Hamas, em Gaza, dois movimentos islamistas em guerra com Israel, inimigo declarado de Teerão desde a instauração da República Islâmica em 1979, segundo a agência francesa AFP.
De acordo com a agência japonesa Kyodo, a reunião deverá também contar com a participação da União Europeia (UE), como mediadora, enquanto a agência espanhola EFE disse que a reunião se deverá realizar ao nível de vice-ministros dos Negócios Estrangeiros.
Teerão defende o seu direito à energia nuclear para fins civis, nomeadamente para a produção de eletricidade, mas nega que pretenda desenvolver uma bomba atómica, como suspeitam os países ocidentais.
As conversações na sexta-feira deverão versar formas de reavivar o acordo nuclear de 2015 assinado entre o Irão e as seis potências mundiais (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha).
O acordo previa o abrandamento das sanções internacionais contra Teerão em troca de garantias de que o país não procuraria adquirir armas nucleares.
Mas, em 2018, o então presidente Donald Trump (2017-2021) retirou unilateralmente os Estados Unidos do acordo e restabeleceu as sanções contra o Irão.
Em retaliação, o Irão reduziu drasticamente as inspeções das suas instalações nucleares pela Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) desde 2021.
Teerão também aumentou consideravelmente as reservas de material enriquecido a 60%, perto dos 90% necessários para desenvolver uma arma atómica, de acordo com a AIEA.
O acordo nuclear limitava este nível a 3,65%.
A reunião da próxima sexta-feira terá lugar depois de o Conselho de Governadores da AIEA ter aprovado, na quinta-feira, uma resolução a condenar a falta de cooperação do Irão.
A resolução, apresentada pela Alemanha, França e Reino Unido, com o apoio dos Estados Unidos, também pedia à AIEA a elaboração de um "relatório exaustivo" sobre as atividades nucleares da República Islâmica.
Teerão classificou a resolução como uma "medida destrutiva" e disse que iria tomar medidas recíprocas, incluindo a instalação de novas centrifugadoras avançadas para enriquecer urânio.
O objetivo da resolução era pressionar o Irão a cumprir os compromissos legais para garantir que não utiliza materiais atómicos para fins militares, após o fracasso do acordo nuclear de 2015.
A AIEA informou os seus Estados-membros na terça-feira que o Irão abrandou ligeiramente a produção de urânio enriquecido até 60% de pureza, perto dos 90% para uso militar, mas já acumulou 182,3 quilos.
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