A posição do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) é manifestada após a entrada em vigor, a 19 deste mês, de um cessar-fogo no enclave que inclui a libertação dos reféns israelitas e a libertação dos prisioneiros palestinianos.
Numa carta enviada aos familiares dos reféns, divulgada pelo diário palestiniano Filastin, o gabinete do Hamas para os Mártires, Prisioneiros e Feridos sublinhou que as declarações surgem "numa altura em que decorrem os preparativos para a libertação de um segundo grupo de israelitas detidos na Faixa de Gaza".
"O Hamas e a resistência palestiniana demonstraram um firme empenho em preservar a vida dos reféns israelitas e em assegurar a satisfação das suas necessidades básicas, apesar do genocídio, da fome e dos ataques sofridos pelo nosso povo", declarou o grupo islamita.
O Hamas insistiu na ideia de que está "profundamente empenhado" em fazer a sua parte na libertação dos reféns "de uma forma civilizada e humana", "ao contrário do tratamento sofrido pelos detidos palestinianos". Paralelamente, alertou para o "enorme perigo" que representam as declarações de altos funcionários israelitas.
"Enviamos esta mensagem num momento de grande complexidade e dor para todos", disse o Hamas, sublinhando que tais declarações 'representam uma ameaça iminente para todos'.
A declaração foi feita depois de o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, ter apelado na terça-feira ao próximo chefe do exército para estar "pronto para retomar a guerra até que a vitória total seja alcançada", após o atual chefe das Forças Armadas, Herzi Halevi, ter anunciado que se demitiria em 06 de março devido a falhas de segurança relacionadas com os ataques de 07 de outubro de 2023.
Nahed al-Fajuri, um membro sénior do Hamas, disse a 20 deste mês que a segunda fase da libertação de reféns teria lugar no sábado, quando quatro mulheres que descreveu como "militares" seriam libertadas.
"O acordo sobre o próximo grupo na primeira fase do acordo estipula que cada soldado da ocupação será libertado em troca de 30 prisioneiros palestinianos que cumprem penas perpétuas e 20 que cumprem penas longas", disse.
Após a entrada em vigor do acordo de cessar-fogo, o Hamas libertou três mulheres raptadas durante os ataques de outubro de 2023, que causaram cerca de 1.200 mortos e permitiram o sequestro de cerca de 250 pessoas, segundo Telavive.
Subsequentemente, Israel libertou 90 prisioneiros palestinianos, numa troca que representa o início de seis semanas de trocas faseadas envolvendo um total de 33 reféns israelitas e mais de 1.900 prisioneiros palestinianos.
Este processo faz parte da primeira fase de um acordo de cessar-fogo para Gaza, acordado após mais de 15 meses de ofensiva israelita contra o enclave em resposta aos ataques.
As autoridades de Gaza, controladas pelo grupo islamita, referiram que os ataques israelitas provocaram a morte a cerca de 47.300 palestinianos, na maioria mulheres e crianças, além de cerca de 850 na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.
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