"À luz das recentes declarações públicas, digo muito claramente que qualquer plano de deslocação --- a ideia de que os cidadãos de Gaza serão expulsos para o Egito ou para a Jordânia --- é inaceitável", vincou Scholz, durante um comício eleitoral em Berlim.
Quase todos os 2,4 milhões de habitantes da Faixa de Gaza foram deslocados pela guerra que começou com o ataque do grupo islamita palestiniano Hamas a Israel, em 07 de outubro de 2023.
No sábado, Trump lançou a ideia de "limpar" Gaza após o conflito e transferir os palestinianos do território devastado pela guerra para o Egito ou para a Jordânia, "um outro lugar onde talvez pudessem viver em paz por uma vez".
Na sua reação hoje, Scholz reafirmou o seu apoio a uma solução de dois Estados e disse que a Autoridade Palestiniana deveria assumir a responsabilidade pela Faixa de Gaza.
"A paz só é possível se houver esperança num futuro autossuficiente", frisou Scholz.
"Qualquer pessoa que acredite que pode haver uma hipótese de paz na região que não seja baseada na autonomia da Cisjordânia e de Gaza dentro de um Estado palestiniano [deve saber que] isso não vai funcionar", acrescentou.
Trump comparou a Faixa de Gaza a um "local de demolição" e disse ter falado com o rei Abdullah II da Jordânia sobre a situação, acrescentando que faria o mesmo no domingo com o Presidente egípcio.
O Egito desmentiu hoje, no entanto, notícias de media norte-americanos sobre uma conversa telefónica sobre Gaza.
Aplaudida por membros de extrema-direita do Governo israelita, a sugestão de Trump foi rejeitada por Egito, Jordânia, Autoridade Palestiniana, Liga Árabe e ONU, bem como por os grupos palestinianos radicais Hamas e Jihad Islâmica.
O Irão também rejeitou a proposta, referindo que os palestinianos não podem ser expulsos da Palestina, e sugeriu a expulsão dos israelitas para a Gronelândia, numa alusão às exigências territoriais feitas por Trump relativamente ao território autónomo dinamarquês.
"Levem-nos para a Gronelândia para poderem matar dois coelhos com uma cajadada só. Assim, resolve-se o problema da Gronelândia e o problema dos israelitas", ironizou o chefe da diplomacia do Irão, Abbas Araqchi, numa entrevista à televisão britânica Sky News.
Quinze meses de guerra entre o Hamas e Israel na Faixa de Gaza provocaram mais de 47.000 mortos e um elevado nível de destruição de infraestruturas no território controlado pelo grupo extremista palestiniano desde 2007.
A ofensiva israelita foi desencadeada por um ataque do Hamas contra Israel, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e o rapto de 250 pessoas que foram levadas como reféns para a Faixa de Gaza.
Os combates cessaram em 19 de janeiro, véspera da posse de Trump como Presidente dos Estados Unidos, no âmbito de um acordo de cessar-fogo negociado por vários mediadores, incluindo o Qatar e o Egito.
Desde que entrou em vigor, a trégua permitiu a troca de sete reféns israelitas por centenas de prisioneiros palestinianos.
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