Um mural pintado em 1934, no México, que alerta para o aumento do fascismo foi revelado e restaurado esta sexta-feira após anos de trabalho para recuperar o mesmo, noticia o The Guardian.
O trabalho de Philip Guston e Reuben Kadish, dois artistas nascidos de imigrantes judeus nos Estados Unidos, residentes em Los Angeles, foi criado num período de tumulto político e faz alusões à vida de Jesus Cristo, à inquisição espanhola e Ku Klux Klan, juntamente com símbolos Nazis e Comunistas e máquinas de tortura.
Com o nome 'The Struggle Against Terrorism' ('A Luta Contra o Terrorismo', na tradução livre), o mural ocupa cerca de 12 metros de uma parede numa zona colonial em Morelia, Michoacán.
Apesar da mensagem, a forma como os dois artistas de 21 anos acabaram a pintar o mural não é conhecida, mas ao que tudo indica terão sido encorajados a ir para o México por David Alfaro Siqueiros, um pioneiro no muralismo mexicano. Após estar concretizado, o trabalho foi escondido e praticamente esquecido.
Segundo relata o The Guardian, em 1940, o administrador do prédio que abrigava o mural - então museu - passou a cobiçar uma pintura que era propriedade da igreja e que retratava a transferência de freiras enclausuradas de um convento para outro.
"Aparentemente, o diretor queria a pintura no museu, mas a igreja não permitiu", revelou Sally Radic, diretor executivo da Fundação Philip Guston, e acrescentou que "finalmente, disseram que ele podia tê-la -, mas apenas se ele tapasse o mural porque tinha figuras femininas nuas e uma cruz de pernas para o ar. E assim o fez".
Três décadas depois é que o mural foi redescoberto "basicamente por acidente" enquanto estavam a ser feitos trabalhos de manutenção.
"Aperceberam-se de que havia uma parede falsa e quando a abriram deram conta que tinha lá este mural", disse Radic, citado pelo mesmo meio.
O diretor executivo sublinhou que o mural estava em mau estado - tinha estragos pela humidade e estava completamente sujo, mas "o facto de ter estado coberto ao longo de tantos anos pode ter ajudado a preservá-lo".
Assim que foi tomada a decisão de reparar o mural, foram precisos dois anos para reparar os estragos e reviver as cores originais.
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