"O atual aumento das despesas militares já coloca a economia europeia numa zona de grave mal-estar económico, uma espécie de situação à beira da crise. É evidente que um novo aumento das despesas vai ter um impacto muito negativo e vai conduzir a uma maior deterioração da economia europeia", afirmou Peskov em conferência de imprensa em Moscovo.
De acordo com o porta-voz da Presidência russa, a "abordagem militarista" referida pelos líderes da UE numa reunião informal em Bruxelas vai afetar todos os contribuintes europeus.
Os líderes do bloco europeu debateram as capacidades de defesa de que a UE mais necessita, tais como o financiamento e o desenvolvimento conjunto e o reforço das alianças internacionais neste domínio, tendo em conta a ameaça à segurança europeia colocada principalmente pela Rússia.
Na segunda-feira, os dirigentes da UE encarregaram a Comissão Europeia e a Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Segurança, Kaja Kallas, de apresentar uma estratégia para reforçar a defesa europeia e aumentar as despesas militares para mais de 2% do PIB (Produto Interno Bruto) dos países que formam a união.
"(Os países da UE) fazem tudo isto em vez de pensarem se não valeria a pena ter em conta as preocupações de segurança da Rússia e iniciar um diálogo com este país. Trata-se de um comportamento extremamente míope e desastroso que vai prejudicar todos os europeus", concluiu Peskov.
A UE tem em vigor novas regras comunitárias para défice e dívida pública (mantendo porém os tetos de, respetivamente, 3% e 60% do PIB), dada a reforma das regras orçamentais do bloco que os Estados-membros começam agora a aplicar após terem estado a traçar planos nacionais nos últimos meses.
Na segunda-feira, a Presidente da Comissão, Von der Leyen, lembrou que existem "três níveis possíveis de financiamento", que além dos orçamentos nacionais incluem a banca privada, nomeadamente o Banco Europeu de Investimento, bem como projetos e financiamentos comuns.
Ao nível das verbas comuns, Portugal por exemplo defende um instrumento semelhante ao que financia os Planos de Recuperação e Resiliência, que é assente numa emissão de dívida conjunta no bloco comunitário.
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