Criticando o anúncio hoje divulgado pelo ministro da Defesa israelita, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Palestina considerou, em comunicado, que os projetos promovidos por Israel visam "deslocar o povo palestiniano com o objetivo de colonizar a terra dos seus pais e avós".
O ministro israelita, Israel Katz ordenou ao exército a preparação de um plano para permitir que os civis deixem a Faixa de Gaza, depois de o Presidente dos Estados Unidos ter anunciado querer controlar o enclave, expulsando a população.
"O povo de Gaza deve poder usufruir de liberdade de movimento e de emigração, como é habitual em todo o mundo", afirmou o gabinete de Katz, em comunicado.
Israel continua a querer "cometer crimes de guerra e deslocações forçadas" na Faixa de Gaza, considerou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Palestina.
"Isto mostra a ausência de um parceiro pacífico e a determinação de prolongar a ocupação e o conflito, negando os direitos justos e legítimos do povo palestiniano", acrescentou.
Embora tenha elogiado a rejeição da comunidade internacional ao plano norte-americano, o Ministério de Gaza sublinhou a necessidade de resolver o conflito "de acordo com o princípio da solução de dois Estados".
O ministério palestiniano pediu ainda que o consenso internacional sobre o direito do povo à autodeterminação e a rejeição da deslocação da população se traduza "em medidas práticas que garantam a proteção internacional do povo e a adoção imediata das resoluções das Nações Unidas e da Iniciativa Árabe de Paz".
O plano defendido pelo ministro da Defesa de Israel ainda não foi publicamente desenvolvido, tendo apenas sido admitido proporcionar várias opções de saída aos habitantes de Gaza, incluindo travessias terrestres, por mar e ar e através de "acordos especiais".
Katz referiu ainda que está a trabalhar numa outra proposta, "que vai levar muitos anos a concluir", para a reconstrução "de uma Gaza desmilitarizada, livre de ameaças na era pós-Hamas".
O Presidente norte-americano, Donald Trump, propôs na terça-feira, em conferência de imprensa em Washington com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, "assumir o controlo" da Faixa de Gaza e reconstruí-la, transformando-a na nova Riviera do Médio Oriente, depois de realojar definitivamente nos países vizinhos os palestinianos, que já rejeitaram esta ideia.
Trump disse ainda que os residentes da Faixa de Gaza "ficariam felizes" por sair se tivessem a oportunidade de o fazer para um "lugar agradável, com fronteiras agradáveis".
O primeiro-ministro israelita elogiou a ideia de Trump, alegando que é preciso reconstruir Gaza.
Além da total rejeição da proposta por parte da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) e de grande parte da comunidade internacional, o alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, recordou, na quarta-feira, que "qualquer deportação ou transferência forçada de pessoas de um território ocupado é estritamente proibida".
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