ONU critica exibição de caixões e CV defende entrega de reféns em privado

A entrega dos corpos de reféns mortos na Faixa de Gaza "devem decorrer em privado" defendeu hoje o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), depois da exibição, esta manhã, dos caixões de quatro reféns, qualificada pela ONU como "cruel".

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Lusa
20/02/2025 18:24 ‧ ontem por Lusa

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O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, afirmou hoje que o "desfile de corpos" foi "abjeto e cruel e vai contra o direito internacional".

 

"Apelamos para que todas as entregas (de corpos) sejam efetuadas de forma confidencial, com respeito e cuidado", defendeu o responsável, enquanto o CICV afirmou que "estas operações devem ter lugar em privado, com o máximo respeito pelos falecidos e pelos que estão de luto".

O CICV, responsável pela transferência de reféns e prisioneiros entre o movimento islamita palestiniano Hamas e as autoridades israelitas, considerou ainda que "cada libertação - seja dos vivos ou dos mortos - deve ser efetuada com dignidade e discrição".

Após a entrega dos corpos, o porta-voz do governo israelita, David Mencer, criticou o CICV por não ter visitado "uma única vez" os reféns detidos em Gaza e por "não ter feito qualquer esforço" para lhes levar medicamentos.

As autoridades da Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, tinham acusado o CICV de "duplo padrão" no tratamento das pessoas mortas no conflito, consoante se trate de israelitas ou de palestinianos.

As acusações surgiram depois de milícias palestinianas terem entregado os corpos de quatro reféns prisioneiros do Hamas mortos em alegados ataques do Exército israelita - durante a guerra declarada por Israel na Faixa de Gaza em 07 de outubro de 2023 para "erradicar" o movimento extremista - horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis, e sequestrando 251.

O Hamas realizou hoje uma cerimónia na cidade de Khan Yunis, na qual mostrou os quatro caixões e os entregou à Cruz Vermelha, que colocou um lençol sobre eles e os transportou para veículos para os entregar às autoridades israelitas. É a esta ação do CICV que o Governo de Gaza se refere para acusar o CICV de "dois pesos e duas medidas".

"Enquanto a Cruz Vermelha realiza cerimónias oficiais solenes ao receber os corpos dos prisioneiros israelitas, entrega os corpos dos mártires palestinianos em sacos azuis que são atirados para camiões sem os elementos mais básicos da dignidade humana", afirmou o chefe do gabinete de imprensa do Governo de Gaza, Ismail al-Thawabta, nas redes sociais.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou hoje que os israelitas estão "loucos de raiva" contra o Hamas, que prometeu eliminar, depois de o grupo ter exibido num palco caixões com os corpos de quatro reféns.

Entretanto, o gabinete de Netanyahu responsabilizou a Jihad Islâmica Palestiniana pela morte em Gaza do ex-refém Oded Lifshitz, cujos restos mortais foram devolvidos hoje a Israel.

"Após a conclusão do processo de identificação pelo Centro Nacional de Medicina Legal e pela Polícia de Israel, representantes do Exército israelita informaram recentemente a família Lifshitz de que Oded Lifshitz foi morto em cativeiro pela organização terrorista Jihad Islâmica Palestiniana", declarou em comunicado.

Poucas horas antes, os familiares de Oded tinham confirmado os seus restos mortais, que foram entregues juntamente com os três membros da família Bibas.

Em Telavive, milhares de pessoas reunidas na Praça dos Reféns guardaram um minuto de silêncio pelos quatro reféns mortos.

Após mais de 15 meses de guerra, que fizeram pelo menos 48.208 mortos e mais de 111.000 feridos, as partes em conflito alcançaram em meados de janeiro um acordo de cessar-fogo, que entrou em vigor a 19 de janeiro e previa a troca de 33 reféns israelitas mantidos em cativeiro pelo Hamas por centenas de palestinianos encarcerados em prisões de Israel.

Leia Também: Quantos reféns ainda estão em Gaza?

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