"Os nossos agricultores não podem ser a variável de ajustamento do poder de compra", "nem a variável de ajustamento dos acordos agrícolas. E é também por isso que nos opomos ao Mercosul tal como foi assinado", disse o chefe de Estado.
Paris opõe-se ao acordo com o Mercosul, considerando que o bloco sul-americano deve respeitar as normas em vigor na União Europeia para evitar concorrência desleal.
Com o objetivo de liberalizar o comércio entre a UE e cinco países da América Latina, este tratado comercial foi assinado em 06 de dezembro de 2024, mas ainda tem de ser ratificado antes de entrar em vigor.
"É um mau texto na forma em que foi assinado. Por isso, faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para garantir que não segue o seu caminho, para proteger a soberania alimentar francesa e europeia", disse Macron, citado pela agência France-Presse (AFP), antes da abertura do 61º Salão da Agricultura, em Paris.
"Amanhã, não há garantias de que os alimentos não se tornem uma arma e, por isso, a nossa responsabilidade é produzir no nosso próprio solo o que precisamos para nos alimentarmos a nós e aos nossos filhos", acrescentou.
O Presidente francês indicou que vai continuar a procurar uma "minoria de bloqueio" na União Europeia. Uma minoria de bloqueio exigiria, pelo menos, a oposição de quatro Estados-Membros que representassem pelo menos 35% da população.
Outra das linhas de ação citadas por Macron é impedir que a Comissão Europeia decida dividir o acordo numa parte política e numa parte comercial, para evitar que tenha de ser ratificado pelos parlamentos da UE, dado o risco de em alguns - como em França - não haver maioria.
O chefe de Estado francês indicou que vai trabalhar para "convencer" todos os parceiros a rejeitar o acordo, com a ideia de que os "argumentos são os mesmos em todos os países da Europa para defender a capacidade de produção europeia", disse, citado pela agência espanhola EFE.
Para ser ratificado, este acordo tem de obter a aprovação de, pelo menos, 15 Estados-Membros, que representam 65% da população da UE, e, em seguida, obter uma maioria no Parlamento Europeu.
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