A informação foi avançada pela representante permanente da Dinamarca junto da ONU, Christina Markus Lassen, num 'briefing' à imprensa em que apresentou as prioridades dinamarquesas para a sua presidência do Conselho de Segurança durante o mês de março - cargo que o país assume pela primeira vez em 20 anos.
"A Dinamarca assume a presidência do Conselho num momento bastante crítico para a paz e a segurança internacionais", começou por assinalar a diplomata dinamarquesa.
"Teremos a nova Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros [Kaja Kallas] a informar o Conselho pela primeira vez. E, obviamente, acreditamos que a arquitetura de segurança europeia é de importância fundamental para a estabilidade não só da Europa em si, mas também de toda a vizinhança, e que a UE é um parceiro estratégico das Nações Unidas em todo o mundo", acrescentou.
Questionada sobre se esse encontro seria uma oportunidade para abordar as recentes divisões globais em torno do apoio à Ucrânia, Christina Markus Lassen respondeu positivamente, frisando que "todos querem a paz, mas Ucrânia quer mais do que ninguém".
"Queremos ter a certeza de que esta paz acontece nos termos certos. (...) Não devemos, claro, recompensar o agressor", acrescentou a embaixadora, referindo-se à Rùssia.
A posse do Presidente norte-americano, Donald Trump, em 20 de janeiro, marcou uma mudança brusca na política de Washington para a Ucrânia, procurando uma reaproximação à Rússia.
A mudança na política norte-americana culminou num confronto na ONU em 24 de fevereiro, data do terceiro aniversário da guerra, quando Washington rompeu com a unidade transatlântica no apoio a Kyiv ao votar contra uma resolução proposta pela Ucrânia e pelos aliados europeus que exigia o fim da guerra e reafirmava a soberania, independência, unidade e integridade territorial ucraniana.
"Penso que há muitas preocupações, porque é uma situação muito precária, não só para a Europa, mas para a segurança global. Não há dúvidas de quem é a ameaça aqui, de quem é o agressor: é o Presidente [russo, Vladimir] Putin. Foi a Rússia que invadiu a Ucrânia nesta guerra ilegal de agressão. (...) Haverá consequências mais graves se isto for simplesmente permitido acontecer", avaliou a embaixadora.
"Essa é a nossa preocupação: Poder invadir um país vizinho só porque é possível e depois ainda ser recompensado. (...) Esta é, naturalmente, uma preocupação muito real em toda a Europa. Penso que existe este medo real entre muitos dos nossos parceiros da UE e da NATO sobre quem seria o próximo na fila", acrescentou.
Apesar de a Ucrânia ser um dos temas em destaque na ONU, a Dinamarca observou que ainda não foi agendada para este mês nenhuma reunião para abordar esse conflito em sede do Conselho de Segurança.
A Dinamarca organizará ainda em março um debate aberto na ONU sobre "Garantir a adaptabilidade nas Operações de Paz da ONU", que será presidido pelo ministro das Relações Exteriores dinamarquês, Lars Løkke Rasmussen, e que deverá contar com a presença do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
Durante a presidência dinamarquesa do Conselho de Segurança, a situação no Médio Oriente continuará em foco, estando já agendados 'briefings' sobre a situação em Gaza, mas também sobre a Síria, Iémen e Líbano.
Durante este mês, espera-se também que o Conselho renove o mandato da Missão de Assistência da ONU no Afeganistão (Unama) e realize a sua reunião trimestral sobre a situação no país, assim como deverá abordar a situação na República Democrática do Congo e no Sudão.
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