A exigência de Qassem surge depois de o exército israelita ter mantido soldados em cinco postos para além da data estabelecida no acordo de cessar-fogo de novembro.
"Se a ocupação israelita continuar, deve ser enfrentada pelo exército, pelo povo e pela resistência, enquanto outros querem a libertação através da diplomacia", frisou.
Qassem recordou que foi a resistência que expulsou o inimigo do sul do Líbano em 2000, numa referência à retirada israelita nesse ano, após a invasão desencadeada em 1982.
O Hezbollah "mantém o compromisso com o acordo" de cessar-fogo e criticou o facto de "o inimigo o estar a violar", razão pela qual apelou ao Governo libanês para que tome uma posição mais firme para conseguir a retirada das tropas israelitas, segundo o canal de televisão libanês Al Manar, ligado ao grupo.
"O inimigo ataca a população a partir do exterior das fronteiras, enquanto esta se encontra nos seus veículos e nas suas casas", afirmou Qassem, antes de sublinhar que "a resistência não vai parar nem abandonar as suas capacidades face à agressão e à ocupação israelita", no meio de apelos ao desarmamento da milícia.
"O acordo de cessar-fogo é claro e não há documentos secretos nem cláusulas debaixo da mesa. Este acordo faz parte da resolução 1.701 [do Conselho de Segurança da ONU] para parar a agressão, mas tudo o que Israel fez durante os 60 dias [antes da retirada] foi cometer violações", sublinhou.
"Consideramos o Estado libanês responsável por isso", afirmou Qassem, que criticou igualmente o facto de Israel ter organizado, na semana passada, uma visita de fiéis e de rabinos a um suposto túmulo no sul do Líbano, o que, segundo disse, "faz parte da visão e das intenções expansionistas de Israel".
O Hezbollah "acredita na resistência para libertar a terra e fazer frente ao expansionismo de Israel, que quer usurpar territórios na região, não apenas a Palestina", disse, reiterando o apoio do grupo aos palestinianos "para alcançar a sua libertação".
"Estamos numa nova fase, mas as constantes não mudam. Os métodos podem mudar, mas o trabalho da resistência não pode parar, porque o Líbano deixaria de existir", defendeu, realçando que o que está a acontecer na Síria" é a melhor prova disso', referindo-se aos assassínios de civis nos últimos dias às mãos das novas forças de segurança.
"O tempo da resistência há-de chegar. A partir de hoje, somos pacientes. Existem agora novas equações, mas não vamos deixar que se enraízem em benefício de Israel. Estamos a dar ao Estado libanês a oportunidade de dizer ao mundo que Israel não sairá se não for derrotado", disse o líder do Hezbollah.
O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Gideon Saar, indicou ter dito à coordenadora especial da ONU para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert, que o Irão "está a contrabandear dinheiro para o Hezbollah restaurar o seu poder".
"O Líbano tem uma oportunidade de escapar à ocupação iraniana", afirmou Saar na conta pessoal na rede social X.
As autoridades libanesas argumentaram, após o incumprimento por parte de Israel da sua obrigação de se retirar completamente do sul do Líbano ao abrigo do cessar-fogo, que qualquer presença do exército israelita era "uma ocupação", anunciando, depois, que iriam solicitar a intervenção do Conselho de Segurança da ONU.
Desde então, argumenta Beirute, o governo israelita não cumpriu os seus compromissos.
O exército israelita já tinha sublinhado que as forças armadas permaneceriam estacionadas em cinco "postos estratégicos" no sul do Líbano, algo que o ministro da Defesa israelita, Israel Katz, enquadrou como um esforço para "garantir a proteção das comunidades do norte [do país]", perante a condenação de grande parte da comunidade internacional.
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