O movimento palestiniano considera que a presença contínua das forças israelitas é uma "violação flagrante" do acordo de cessar-fogo, em vigor desde janeiro, e "uma tentativa deliberada de o minar e de o tornar nulo e sem efeito".
A zona em causa foi delimitada pelo exército israelita durante a sua segunda ocupação da Faixa de Gaza (1967-2005) para se tornar um corredor de patrulha com pelo menos cem metros de largura, ou mais em alguns locais, e que se estende por 14 quilómetros.
Nas negociações de cessar-fogo entre Israel e os islamitas palestinianos, o corredor tornou-se num dos principais pontos de discórdia.
Segundo um comunicado do Hamas, Israel "não respeitou a retirada progressiva das suas forças no eixo de Saladino (nome palestiniano para esta zona) durante a primeira fase" da trégua.
A mesma fonte recordou que o acordo prevê a retirada israelita "antes do 50º dia" da trégua, que terminou no domingo.
Os termos específicos do acordo de cessar-fogo nunca foram tornados públicos, o que dificulta as alegações do Hamas, recordou a agência noticiosa France-Presse.
O exército israelita assumiu o controlo do corredor durante uma vasta operação no sul da Faixa de Gaza na primavera de 2024.
Os dirigentes israelitas, incluindo o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, consideram ser necessário manter o controlo do corredor para impedir o contrabando de armas para o território palestiniano.
O Hamas apelou à intervenção de mediadores do Qatar, do Egito e dos Estados Unidos para garantir a retirada das forças israelitas.
Uma equipa de negociadores viajou hoje de Israel para Doha, onde deverá participar em conversações indiretas com o Hamas com o objetivo de prolongar o cessar-fogo e libertar os reféns ainda detidos na Faixa de Gaza.
A primeira fase do cessar-fogo terminou no passado dia 01, sem acordo sobre as próximas etapas que poderiam garantir um fim duradouro da guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque do Hamas ao sul de Israel em 07 de outubro de 2023 e que provocou 1.200 mortos e cerca de 250 reféns, segundo Telavive.
O Hamas quer negociações imediatas sobre a fase seguinte, mas Israel prefere prolongar a primeira fase.
Em resposta ao ataque de outubro de 2023, Israel lançou uma ofensiva que provocou mais de 48 mil mortos, segundo as autoridades palestinianas.
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