Ajuda a refugiados do Sudão no Egito suspensa por falta de financiamento

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) anunciou esta terça-feira ter suspendido a ajuda aos refugiados no Egito por falta de financiamento, admitindo que muitos dos que fugiram da guerra no Sudão ficarão sem cuidados médicos.

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Lusa
25/03/2025 11:42 ‧ há 8 horas por Lusa

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"A falta de fundos disponíveis e a profunda incerteza sobre o nível de contribuições dos doadores este ano forçaram o ACNUR a suspender todos os cuidados médicos para refugiados no Egito, com exceção das intervenções de emergência que salvam vidas, afetando aproximadamente 20.000 doentes", afirmou a agência da ONU, em comunicado hoje divulgado.

 

Segundo a agência das Nações Unidas, a suspensão aplica-se a cirurgias oncológicas, quimioterapia, cirurgia cardíaca e medicamentos para doenças crónicas, como diabetes e hipertensão.

De acordo com o responsável pela saúde pública da organização no Cairo, Jakob Arhem, "muitos dos que já não receberão apoio do ACNUR e não podem pagar o tratamento, morrerão".

No ano passado, o Alto Comissariado recebeu menos de metade dos 135 milhões de dólares (cerca de 125 milhões de euros) necessários para ajudar mais de 939.000 refugiados registados e requerentes de asilo do Sudão e de 60 outros países que vivem atualmente no Egito.

"No entanto, a redução drástica do financiamento humanitário desde o início do ano levou a uma grave escassez [de recursos financeiros], forçando o ACNUR a fazer escolhas difíceis sobre quais os programas vitais suspender ou manter", referiu a organização da ONU.

No início do ano, quando assumiu a presidência dos Estados Unidos, Donald Trump congelou grande parte do financiamento à ajuda humanitária, o que tem afetado muitas organizações incluindo da ONU.

Quase metade do financiamento do ACNUR (40% do orçamento total) tinha origem nos Estados Unidos, o que já provocou cortes nos programas e a demissão de pelo menos 400 trabalhadores da agência.

De acordo com o ACNUR, os refugiados sudaneses, que fugiram para o Egito após o início do conflito em abril de 2023 entre o exército e as Forças de Apoio Rápido (RSF) paramilitares, serão dos mais afetados.

O Egito acolheu mais de 1,5 milhões de sudaneses, cerca de 670.000 dos quais estão registados no ACNUR.

Segundo Jakob Arhem, além de fugir à violência, o acesso a cuidados de saúde foi um fator fundamental para muitos refugiados sudaneses que chegaram ao Egito.

"O sistema de saúde sudanês foi um dos primeiros a entrar em colapso após o início dos conflitos, e muitas famílias acompanharam pessoas doentes que já não podiam receber tratamento no Sudão", explicou.

O ACNUR dá prioridade a atividades que salvam vidas e a assistência aos grupos mais vulneráveis, incluindo crianças não acompanhadas e vítimas de violência sexual e tortura.

Leia Também: Moscovo saúda "diálogo útil" com Washington que deve prosseguir com ONU

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