No último dia da sua reunião de primavera na Jamaica, a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (AIFM) recebeu com quase unânime incredibilidade o novo plano revelado na quinta-feira pela The Metals Company (TMC), que pretende ser a primeira a lançar a extração industrial de minerais raros em águas internacionais.
Do bloco africano à China, da Rússia à Costa Rica, do Chile à França, os Estados-membros proclamaram o seu compromisso com o multilateralismo e com a jurisdição da AIFM sobre estas águas, que representam 54% do fundo oceânico.
De acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (Unclos), a AIFM é responsável pela proteção do fundo marinho em águas internacionais e pela organização da exploração dos recursos nele contidos, considerados "património mundial da humanidade".
Para surpresa de todos, a The Metals Company anunciou na quinta-feira a sua intenção de abordar a administração norte-americana liderada por Donald Trump, que não esconde o seu interesse pelos minerais raros.
Até ao momento, a empresa planeia registar o primeiro pedido de contrato de mineração em águas internacionais junto da AIFM em junho, através da sua subsidiária Nori (Nauru Ocean Resources Inc.).
O seu objetivo é explorar, numa região do Pacífico, um tipo de "seixo" rico em cobalto, manganês, níquel e cobre, que a empresa descreve como crucial para a transição energética.
Mas a AIFM, dividida entre os apoiantes da extração e os defensores de uma moratória, ainda não adotou o "código mineiro" para regular esta nova indústria, e as negociações poderão não estar concluídas em 2025, como se prevê.
Denunciando as "repetidas falhas" na finalização deste código, a TMC quer agora enviar um pedido de contrato comercial no segundo trimestre de 2025 para os Estados Unidos, que não é membro da Unclos nem da AIFM.
Este novo 'caminho' oferece "a melhor hipótese de obter uma licença comercial para iniciar as operações o mais rapidamente possível", frisou o CEO da empresa, Gerard Barron, acrescentando que se reuniu com responsáveis da Casa Branca e do Congresso sobre "o seu apoio a esta indústria".
Numa altura em que os norte-americanos cobiçam recursos na Ucrânia ou na Gronelândia, a TMC apresentou, para defender o seu caso, a possibilidade de "ir ao encontro das necessidades" de minerais essenciais dos Estados Unidos, que "não podem depender" da China.
Leia Também: EUA "conscientes" da insatisfação chinesa com portos do canal do Panamá