Crescente Vermelho acusa Israel de falsidades sobre ataque a ambulâncias

O Crescente Vermelho da Palestina criticou hoje a narrativa "falsa e contraditória" da investigação militar israelita às mortes de 15 socorristas em 23 de março, num ataque a uma caravana de ambulâncias no sul da Faixa de Gaza.

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© AFP via Getty Images

Lusa
20/04/2025 21:06 ‧ há 5 horas por Lusa

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Médio Oriente

O diretor do Crescente Vermelho palestiniano, Yunis al-Khatib, observou que os militares israelitas comunicaram com a equipa de ambulância antes do ataque, considerando que são falsas as alegações de que não sabiam que se tratava de elementos de socorro, como se afirma no relatório hoje divulgado.

 

De acordo com a agência de notícias palestiniana Sanad, al-Khatib declarou que, embora a investigação reconheça que as forças israelitas dispararam contra equipas de emergência palestinianas, "os militares não serão julgados nem responsabilizados", exceto o oficial que foi expulso do Exército.

O diretor do Crescente Vermelho da Palestina, com sede na Cisjordânia ocupada, criticou também a alegação de Israel de que os militares tinham pouca visibilidade e referiu que existem imagens vídeo do ataque, ocorrido em al-Hashayin, na região de Rafah, em que as ambulâncias estão claramente assinaladas e com as luzes de emergência ligadas.

Além disso, lamentou que os militares israelitas tenham enterrado os profissionais de saúde numa vala comum, uma ação que classificou como criminosa.

Al-Khatib exigiu uma investigação independente e imparcial por parte de um organismo da ONU, argumentando que as medidas tomadas por Israel são puramente administrativas e "não se espera nada mais do que isso".

Os corpos foram encontrados uma semana após o ataque, enterrados numa vala comum, e os veículos foram completamente destruídos por máquinas pesadas militares israelitas.

No relatório israelita considera-se que "a retirada dos corpos foi uma decisão razoável dadas as circunstâncias", mas que "esmagar os veículos depois foi um erro".

O Crescente Vermelho Palestiniano refere ainda que um dos seus funcionários, o técnico de ambulâncias Assad al-Nasasra, continua desaparecido desde o ataque de 23 de março e acusa as autoridades israelitas de o manterem como refém.

Uma investigação militar interna israelita, hoje revelada, admitiu "má conduta profissional", desobediência e mal-entendidos no ataque.

Embora a investigação tenha concluído que os soldados israelitas não abriram fogo indiscriminadamente, o Exército anunciou a demissão de um oficial e lamentou as mortes que considera colaterais.

"Dizemos que foi um erro, mas não pensamos que seja um erro que acontece todos os dias", disse o general Yoav Har-Even, responsável pela investigação, em conferência de imprensa.

Em 23 de março, poucos dias após retomarem a ofensiva na Faixa de Gaza, as tropas israelitas dispararam contra equipas da Defesa Civil e do Crescente Vermelho no sul do território palestiniano.

O ataque, que fez 15 mortos, gerou indignação internacional, com o alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, a considerá-lo um possível "crime de guerra".

Os corpos foram encontrados vários dias após o tiroteio, enterrados na areia, no que o Gabinete de Coordenação das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários (OCHA) descreveu como uma "vala comum".

"As tropas não abriram fogo indiscriminadamente, mas mantiveram-se em alerta para responder às ameaças reais que identificaram", segundo o Exército.

A investigação "não descobriu qualquer prova que apoie as alegações de execução ou que indique que algumas das vítimas foram amarradas", acrescentou.

Em 7 de abril, o diretor do Crescente Vermelho palestiniano, Younis al-Khatib, disse que os socorristas foram "baleados na parte superior do corpo, com a intenção de matar".

A investigação reafirma que seis das 15 vítimas foram identificadas "retrospetivamente" como membros do Hamas, segundo o Exército, que "lamenta os danos causados ??a civis não envolvidos".

Todas as vítimas usavam uniformes de emergência e não foi encontrada nenhuma arma, de acordo com o relatório.

Dois socorristas sobreviveram ao tiroteio e um dos quais "ainda está sob custódia", indicou o Exército, que não forneceu a sua identidade.

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelos ataques do Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, que fizeram cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e 250 reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 50 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, na maioria mulheres e crianças, e deixou o território destruído e a quase totalidade da população deslocada.

O Hamas continua a manter 59 reféns na Faixa de Gaza (incluindo um que já estava em cativeiro antes de 7 de outubro de 2023), dos quais Israel acredita que 24 estejam vivos.

Leia Também: Exército israelita admite erros em ataque a ambulâncias e demite oficial

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