De acordo com um comunicado da agência do sistema da ONU, o forte aumento do número de cidadãos afegãos que regressam do Paquistão --- incluindo 109.891 entre 03 de abril e 03 de maio --- levou à organização e os seus parceiros a lançarem hoje um apelo para alargar o apoio necessário nas zonas de fronteira e vizinhas, onde as condições terríveis e a escassez de financiamento estão a agravar os riscos aos mais vulneráveis.
Este apelo por financiamento adicional por parte do Consórcio de Fronteiras no Afeganistão, liderado pela OIM, pretende satisfazer as necessidades dos regressados - que são entre 600 mil e 1,5 milhões, sendo que a maioria não tem documentos -, impulsionados pela segunda fase do plano de repatriamento de estrangeiros ilegais do Paquistão (IFRP), que deverá continuar a desencadear retornos em larga escala nos próximos meses.
"A maioria das pessoas que regressam ao Afeganistão encontra-se num estado de extrema vulnerabilidade, tendo sido forçadas a deixar para trás as suas casas, bens e empregos. Os mais vulneráveis, especialmente as mulheres e as raparigas, são frequentemente separados das suas famílias e não têm acesso a abrigo e outros serviços essenciais", afirmou Ugochi Daniels, diretor-geral adjunto de Operações da OIM.
"Neste momento tão frágil, apelamos à comunidade internacional para que nos ajude a satisfazer estas necessidades humanitárias urgentes", disse Daniels.
Em abril, uma média de 3.000 pessoas por dia regressaram através das principais passagens fronteiriças nas províncias de Nangarhar e Kandahar, de acordo com os dados mais recentes da OIM. Mulheres e crianças compõem a maioria destas travessias, que até àquele mês eram em média de apenas 100 por dia.
Igualmente alarmante é a condição dos deportados do Irão. Entre janeiro e abril, a OIM registou mais de 265 mil afegãos regressados sem documentos --- 75% deles foram devolvidos à força.
A OIM e os seus parceiros reiteraram ainda o apelo para que todos os países suspendam imediatamente os regressos forçados dos afegãos até que estejam reunidas as condições para garantir os regressos e a reintegração seguros e dignos, independentemente do estatuto de imigração da pessoa.
Mais de 48.000 regressados receberam apoio essencial nos centros de acolhimento geridos pela OIM e em duas instalações de trânsito. Após a triagem, a OIM e os parceiros fornecem alimentação, abrigo temporário, transporte, assistência médica e apoio psicossocial, especialmente a grupos vulneráveis, como mulheres e crianças.
No entanto, as condições atuais no Afeganistão dificultam a absorção do número crescente de retornados, uma vez que as comunidades já estão sobrecarregadas por recursos limitados e infraestruturas enfraquecidas.
As reduções drásticas no financiamento agravam estas dificuldades, deixando os sistemas locais sob forte pressão à medida que o fluxo aumenta, ameaçando o acesso a serviços essenciais tanto para os retornados como para as populações de acolhimento.
"Como agência líder dos parceiros humanitários no Consórcio de Fronteira, a OIM está preparada para intensificar a sua resposta e expandir as operações em pontos de entrada críticos. No entanto, sem financiamento adicional imediato, os esforços para satisfazer a crescente procura e apoiar os retornados vulneráveis e as comunidades recetoras permanecerão severamente limitados", disse Daniels.
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