"Sua vida foi um exemplo de que a luta política e a doçura podem andar juntas. E de que a coragem e a força podem vir acompanhadas da humildade e do desapego", escreveu, nas redes sociais, Luiz Inácio Lula da Silva, que se encontra em Pequim em visita de Estado.
Lula da Silva, que mantinha uma estreita amizade política e pessoal com Mujica, recordou que nos "quase 90 anos de vida, Mujica combateu fervorosamente a ditadura que um dia existiu em seu país".
"Defendeu, como poucos, a democracia. E nunca deixou de militar pela justiça social e o fim de todas as desigualdades", sublinhou.
Para além de partilharem ideais, Lula e Pepe Mujica coincidiram no poder dos respetivos países em 2010. Nessa altura, o líder brasileiro estava a terminar o seu segundo mandato e o uruguaio estava a iniciar o seu, que duraria até 2015.
"Sua grandeza humana ultrapassou as fronteiras do Uruguai e de seu mandato presidencial. A sabedoria das suas palavras formou um verdadeiro canto de unidade e fraternidade para a América Latina", sublinhou o chefe de Estado brasileiro, para quem "forma de [Mujica] compreender e explicar os desafios do mundo atual continuará guiando os movimentos sociais e políticos que buscam construir uma sociedade mais igualitária".
José 'Pepe' Mujica, símbolo da esquerda latino-americana, morreu na terça-feira, aos 89 anos, informou o atual chefe de Estado, Yamandu Orsi.
Apelidado como "o presidente mais pobre do mundo", Mujica revelou no início deste ano que um cancro no esófago, diagnosticado em maio de 2024, se tinha espalhado e que o seu corpo envelhecido já não tolerava o tratamento, afirmando: "É só até aqui que vou".
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