Em declarações hoje à BFMTV, Barrot confirmou que "os diplomatas argelinos serão expulsos em resposta" a uma decisão "injustificada e injustificável".
O chefe da diplomacia gaulesa referia-se a informações divulgadas pela agência noticiosa oficial local APS, que indicavam que o Ministério dos Negócios Estrangeiros argelino tinha notificado o encarregado de negócios da embaixada francesa em Argel (o embaixador está em Paris, chamado para consultas pelas autoridades francesas), no domingo, da expulsão imediata de um grupo 15 funcionários.
O motivo invocado foi o facto de terem assumido funções diplomáticas ou consulares sem notificação oficial prévia ou "pedidos adequados de acreditação, tal como exigido pelos procedimentos em vigor".
Para Barrot, quem fica a perder com estas expulsões é "o povo argelino".
O chefe da diplomacia francesa deslocou-se a Argel a 06 de abril para tentar virar a página dos repetidos mal-entendidos entre os dois países nos últimos meses e, depois de ter sido recebido pelo Presidente, Abdelmadjid Tebboune, chegou mesmo a prever um reatamento da cooperação em muitos domínios.
Mas tudo se desmoronou após a detenção em França, dois dias depois, de um agente consular em Paris, acusado de ter participado no rapto, em abril de 2024, de Amir Boukhors, um opositor ao regime argelino que se tinha refugiado em França.
Este facto levou a Argélia a expulsar 12 funcionários franceses e Paris respondeu com uma medida equivalente.
Hoje, Barrot apelou hoje à "responsabilidade das autoridades argelinas" e também a "um gesto de humanidade" para com o escritor franco-argelino Boualem Sansal, detido na Argélia, onde foi condenado a cinco anos de prisão por declarações que põem em causa a soberania da Argélia sobre uma parte do seu território.
As relações entre a Argélia e a França, antiga potência colonial até 1962, no final de uma sangrenta guerra de independência, deterioraram-se fortemente desde o verão passado, com uma sucessão de desentendimentos em cadeia.
O gatilho foi o facto de, no final de julho, o Presidente francês, Emmanuel Macron, se ter alinhado totalmente com a posição de Marrocos sobre o Saara Ocidental (excluindo a possibilidade de um referendo de independência para a antiga colónia espanhola e apoiando a proposta de uma maior soberania da Frente Polisário no região), o que levou a Argélia, principal apoiante do movimento de libertação sarauí, a retirar imediatamente o seu embaixador em Paris como resposta.
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