"A Orano deplora esta intervenção, para a qual não foi apresentada qualquer base legal ou razão", declarou a Orano num comunicado na terça-feira, acusando as autoridades de prisão arbitrária, detenção ilegal e "confisco injusto dos bens das empresas nigerinas, filiais da Orano e do próprio Estado do Níger".
Estes episódios ocorrem numa altura em que as autoridades militares deste país da África Ocidental apertam o cerco às empresas estrangeiras e à sociedade civil.
Segundo a Orano, o diretor da empresa terá sido detido no início deste mês e nas rusgas, que ocorreram em Niamey, capital do Níger, foram apreendidos aparelhos eletrónicos e telemóveis.
Contactadas pela AP, as autoridades militares do Níger não responderam ao pedido de comentário.
A Orano opera no Níger, país que é o sétimo maior fornecedor mundial de urânio, há mais de 50 anos, mas no ano passado as autoridades militares retiraram à empresa a autorização de exploração da mina de urânio de Imouraren, com reservas estimadas em 200.000 toneladas.
As autoridades também assumiram o controlo operacional da filial da Orano, Somaïr, que explora a única mina de urânio ativa no país, perto da cidade de Arlit.
As autoridades militares tomaram o poder em 2023 com o compromisso de cortar os laços com o Ocidente e prometeram rever as concessões mineiras.
Antes disso, o Níger era o principal parceiro económico e de segurança do Ocidente no Sahel, a vasta região a sul do deserto do Sara que tem sido um foco de extremismo violento.
O fundador e diretor da estação de rádio privada Sahara FM, Ibrahim Manzo, disse hoje que as autoridades tinham detido três dos seus funcionários na cidade central de Agadez, acusando-os de espalharem notícias falsas.
Embora as autoridades de transição do Níger tenham recentemente libertado prisioneiros políticos numa tentativa de acalmar o clima político, as detenções continuam.
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