Reino Unido espera que cimeira ajude a pôr em prática reconciliação com UE

Pela primeira vez desde o 'Brexit', Reino Unido e União Europeia (UE) reúnem-se na segunda-feira em Londres numa cimeira de líderes para tentar concretizar alguns das ambições britânicas de maior cooperação e convergência.

Notícia

© JAIMI JOY/POOL/AFP via Getty Images

Lusa
17/05/2025 13:43 ‧ há 7 horas por Lusa

Mundo

Brexit

Desde a eleição em julho passado, o Governo trabalhista britânico tem repetido que quer restaurar as relações com o bloco que deixou no fim de 2020 após um processo longo e acrimonioso.  

 

O chamado 'reset' ('reinício'), ambicionado pelo primeiro-ministro, Keir Starmer, pretende corrigir problemas causados pela saída do mercado único europeu através da negociação de um acordo veterinário para reduzir controlos fronteiriços dos produtos agroalimentares. 

Outras dificuldades que Londres quer ultrapassar são o reconhecimento mútuo das qualificações profissionais, para ajudar os prestadores de serviços britânicos a operar no mercado europeu, e a facilitação da mobilidade de artistas britânicos durante digressões na UE. 

Estas questões implicam negociações técnicas ou decisões políticas, o que poderá demorar, afirmou a analista do centro de estudos UK in a Changing Europe, Jannike Wachowiak, num encontro com jornalistas.  

"De um modo geral, a cimeira é um passo importante para as relações, mas também é apenas parte de um processo mais longo. Haverá negociações depois disto. A Comissão Europeia terá pedir um mandato de negociação, que os Estados-Membros terão de aceitar", indicou.

Segundo esta especialista, as negociações só deverão começar depois do verão para serem concluídas a tempo da revisão do Acordo de Comércio e Cooperação (ACC) entre o Reino Unido e UE no próximo ano.

O resultado mais consensual e fácil de alcançar na cimeira deverá ser um "pacto de segurança" para uma colaboração mais estreita em política externa e defesa, temas que ficaram de foram do ACC de 24 de dezembro de 2020. 

O interesse numa "parceria estratégica" foi intensificado perante a ameaça russa e por causa da ambiguidade do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação ao apoio à Ucrânia, à NATO e à defesa europeia . 

Starmer vê neste pacto uma oportunidade para se conciliar com aliados e vizinhos com os quais partilha a forma de ver o mundo em termos geopolíticos, mas também a conveniência de poder promover o crescimento económico. 

O Reino Unido quer o acesso da indústria de defesa britânica ao programa militar europeu Ação de Segurança para a Europa (SAFE, na sigla em inglês), que vai mobilizar 150 mil milhões de euros em créditos para a aquisição conjunta de equipamento militar. 

A preferência do programa é dada o fabrico europeu, mas a participação de países terceiros é permitida dependendo de acordos nesta matéria com a UE, o que poderá beneficiar empresas britânicas como a BAE Systems e a Rolls-Royce.

"No entanto, um acordo de parceria em matéria de segurança e defesa será apenas o primeiro passo nessa direção; terá de haver um segundo acordo para decidir sobre os pormenores dessa parceria", vincou Wachowiak.

Starmer alega que a reaproximação aos vizinhos europeus não afeta a "relação especial" com os EUA, e analistas dizem que Bruxelas poderá ter a ganhar se o dirigente britânico mantiver a proximidade a Trump e agir como uma "ponte" entre Bruxelas e Washington.

Parte da imprensa britânica qualificou o recente acordo entre o Reino Unido e os EUA para reduzir tarifas aduaneiras para o setor automóvel e metalúrgico como um dividendo do 'Brexit' porque Londres tem mais autonomia nas negociações. 

Nos últimos dias, a imprensa britânica noticiou que o Executivo trabalhista mostrou abertura para aceitar um alinhamento com as regras europeias e a supervisão do Tribunal de Justiça Europeu em certas matérias, uma evolução relativamente a governos anteriores.

Mas também referiu impasses nas pescas e na criação de um regime de mobilidade juvenil.

A analista Jannike Wachowiak moderou as expetativas relativamente a grandes avanços e anúncios triunfantes, referindo que "a ambição é bastante modesta".

Leia Também: Primeira cimeira UE-Reino Unido após Brexit olha para uma Europa mais só

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas