"Somos os claros vencedores destas eleições. Reivindicamos a vitória em nome do povo romeno", declarou Simion, líder do partido de extrema-direita Aliança para a União dos Romenos (segunda força política no parlamento), pouco depois de serem conhecidas as primeiras projeções à boca das urnas, após o encerramento da votação, às 21h00 locais (menos duas horas em Lisboa).
O candidato europeísta Nicusor Dan deverá vencer as eleições presidenciais romenas, com uma votação entre 54,1% e 54,9% na segunda volta, realizada hoje, segundo as primeiras projeções divulgadas pela imprensa romena.
George Simion, que venceu a primeira volta, realizada em 04 de maio, com quase 41% dos votos, deverá obter agora entre 45,1% e 45,9%, de acordo com as projeções à boca das urnas dos institutos CURS e Avangarde.
Sem justificar, Simion referiu que as estimativas da sua candidatura lhe dão uma vitória de "mais de 400 mil votos" sobre o adversário.
"Mas, não é a minha vitória, é a vitória do povo romeno, humilhado, roubado e enganado tantas vezes, até agora. É a vitória de um homem que deveria ser o Presidente da Roménia, é a vitória de Calin Georgescu", afirmou, segundo o 'site' noticioso romeno HotNews.
O pró-russo Georgescu foi o vencedor-surpresa da primeira volta das eleições presidenciais realizadas em novembro e depois anuladas pelo Tribunal Constitucional, numa decisão inédita, por suspeita de interferência russa, que teria impulsionado uma campanha maciça nas redes sociais, em particular na plataforma chinesa TikTok, deste candidato, até então praticamente desconhecido.
Simion apresenta-se como o "herdeiro político" de Georgescu e denunciou a anulação das eleições como "um golpe de Estado", prometendo colocar o antigo candidato -- impedido de concorrer à repetição das presidenciais -- no cargo de primeiro-ministro, caso fosse eleito Presidente.
Numa primeira reação aos resultados de hoje, voltou a alegar suspeitas de fraude eleitoral.
"Por favor, deixem que os romenos que estão na fila exerçam democraticamente o seu direito de voto. A contagem paralela garantirá a identificação de qualquer possível fraude", disse Simion.
"Peço a todos os membros das secções eleitorais que não admitam nenhuma fraude eleitoral. Esse é o espírito da democracia, nenhuma fraude eleitoral, nem contra mim, nem contra o meu concorrente. Irmãos e irmãs nas secções eleitorais, rezamos para que vocês sejam fortes e perseverem até ao final da contagem. Não assinem a ata se encontrarem alguma irregularidade", pediu.
O Ministério do Interior indicou que o dia decorreu sem incidentes de maior.
Simion destacou ainda a "mobilização extraordinária" dos eleitores.
Segundo dados oficiais, a participação foi de 64,70%, ou 11.639.301 votantes, num total de quase 18 milhões de eleitores. Na primeira volta, a participação foi de 53%.
"Os romenos foram votar com as suas almas. Obrigado a todos que fizeram fila e defenderam cada voto. Foi um dia de coragem nacional, no qual começamos a recuperar nossa democracia e o devido respeito", disse Simion.
"Obrigado, pai ou avô, nós somos a vossa vingança. [...] Nós reconstruiremos a nossa Roménia e vocês finalmente sentirão o respeito que merecem da sociedade", acrescentou.
Os eleitores romenos confrontavam-se hoje com duas propostas políticas opostas: o nacionalista George Simion, admirador do Presidente norte-americano, Donald Trump, e crítico da União Europeia e da NATO -- organizações de que a Roménia faz parte --, ou o centrista Nicusor Dan, que prometeu manter o país no caminho pró-Ocidente.
Leia Também: Europeísta Nicusor Dan vence presidenciais na Roménia