"Não é pela sua profissão que não precisa de cumprir o que está na lei", disse Wong Sio Chak, quando questionado por jornalistas sobre o incidente que envolveu o All About Macau, um jornal 'online', com uma versão mensal em papel.
"É importante, temos de cumprir a lei. Nenhuma profissão é exceção", acrescentou o dirigente, numa conferência de imprensa de balanço da criminalidade no primeiro trimestre do ano.
As duas jornalistas do All About Macau foram detidas pela polícia quando tentavam entrar no salão da Assembleia Legislativa para assistir à apresentação do programa político na área da Administração e Justiça para 2025.
"A polícia executa a lei de acordo com a lei. Durante a execução da lei, é monitorizada pelo órgão judicial, o Ministério Público" (MP), recordou Wong.
O secretário recusou-se a comentar diretamente o caso e sublinhou que o MP "está agora a proceder à investigação".
Em 17 de abril, a Polícia de Segurança Pública indicou que remeteu o caso para o MP.
Questionado pela Lusa, o Gabinete do Procurador do MP, Chan Tsz King, disse na terça-feira, numa resposta escrita, que não tinha qualquer "informação a divulgar neste momento" sobre o andamento do processo.
O presidente da Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau, José Miguel Encarnação, disse à Lusa que o MP devia ter "ponderação na avaliação dos factos, por forma a que não haja consequências de maior".
A coordenadora para a Ásia do Comité para a Proteção dos Jornalistas, Beh Lih Yi, disse à Lusa que "as autoridades devem retirar quaisquer potenciais acusações contra as repórteres do All About Macau".
Wong Sio Chak defendeu, também hoje, que, além dos jornalistas, "todas as pessoas têm o dever de contar bem a história de Macau", citando o principal responsável do Partido Comunista Chinês para as duas regiões semiautónomas.
Em 12 de maio, o diretor do Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau, sob a tutela do Conselho de Estado, Xia Baolong, disse a empresários locais que deviam "contar a história de Hong Kong, Macau e China ao mundo".
Em declarações à Lusa, a Sociedade de Jornalistas e Profissionais da Comunicação Europeus na Ásia (JOCPA) afirmou que Portugal deveria ter feito "um gesto discreto ou uma expressão de preocupação" face à detenção destas jornalistas.
"Consideramos o silêncio de Portugal preocupante, dados os seus profundos laços históricos e culturais com Macau", lamentou o presidente da JOCPA, Josep Solano.
Macau, que esteve sob controlo português durante mais de 400 anos, passou em 1999 para a administração chinesa, sob um acordo que previa que a região deveria manter os direitos e liberdades fundamentais, incluindo a liberdade de imprensa, durante os primeiros 50 anos.
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