"Queria anunciar que estou fora do Brasil já faz alguns dias. Eu vim, a princípio, buscar um tratamento médico, um tratamento que eu já fazia aqui. E agora vou pedir, inclusive, (...) para que eu possa me afastar do cargo", disse Carla Zambelli numa entrevista à rádio Auriverde.
"Vou-me basear na Europa. Eu tenho cidadania europeia, então estou muito tranquila em relação a isso. Gostaria de deixar bem claro que não é um abandono do país. Não é desistir do país. Muito pelo contrário: é resistir", acrescentou a parlamentar.
Embora esteja condenada a uma pena de dez anos de prisão pelo mais alto tribunal do Brasil, a parlamentar pode viajar para o exterior, no momento em que o seu processo se encontra na fase de recursos.
Carla Zambelli, uma das vozes mais radicais da extrema-direita brasileira também afirmou ser perseguida pelo que chamou de "ditadura judicial" liderada pelos juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro que, segundo a mesma, a condenaram sem nenhuma prova.
"Eu não roubei, não estuprei, não matei", declarou a parlamentar, que há duas semanas foi considerada culpada de encomendar uma invasão ao sistema de informática do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) durante a eleição de 2022, na qual o atual Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, derrotou o líder de extrema-direita Jair Bolsonaro, que procurava a reeleição.
Na entrevista, embora não tenha mencionado o ataque cibernético, Carla Zambelli insistiu que as urnas eletrónicas usadas no país "não são confiáveis" e destacou que, enquanto forem utilizadas, "não haverá democracia".
"O que vivemos hoje no país é um tempo de ditadura, de falta de liberdade e de censura", disse a parlamentar, que acrescentou que a partir de agora levará "essa mensagem a todos os países da Europa".
Carla Zambelli enfrenta acusações em outros processos, incluindo um caso em que perseguiu um apoiante de Lula da Silva com um arma em punho pelas ruas de São Paulo na véspera das eleições presidenciais de outubro de 2022.
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