Em declarações aos jornalistas, no Palácio de Belém, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que teve oportunidade "de ter conhecido bem o Presidente Trump na primeira encarnação", entre 2017 e 2021.
Segundo o Presidente da República, "ele é o mesmo" e "está a fazer aquilo que teria feito se tem em ganho a Joe Biden as eleições que perdeu, e se tem ganho com as maiorias no Congresso" de que agora dispõe: "Executar a segunda parte do programa".
Marcelo Rebelo de Sousa definiu Donald Trump como um Presidente "para quem o Pacífico é muito importante, para quem as relações com a China são muito importantes, para quem as relações com a Rússia são iguais ao que eram já no primeiro mandato, em que a Rússia, portanto, não é um problema para a sua visão dos Estados Unidos", e que não dá importância à Europa e ao Atlântico.
"Portanto, eu nunca tive ilusões, e disse-o, aliás, durante a campanha eleitoral, que como conhecia a pessoa, a pessoa não ia mudar, e que iria fazer os acordos necessários com a Rússia e com a China, iria ter o apoio dos grupos económicos que atuam na China e na Rússia e que estivessem interessados nessa triangulação. E que a Europa, provavelmente, era uma das entidades que tinha de fazer pela vida, por si própria. E, portanto, é isso que a Europa tem de fazer", acrescentou.
De acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, Donald Trump, "agora, quatro anos depois, vem mais rápido, precisamente para recuperar, da ótica de quem o definiu, o tempo perdido, com uma posição mais forte, porque está mais forte dentro dos Estados Unidos, e cuida dos interesses americanos".
"Compete a nós, portugueses e europeus, cuidar dos nossos interesses. Que não são, necessariamente, em muitos aspetos, infelizmente, condizentes com os americanos", reforçou o chefe de Estado.
Neste contexto, na sua opinião, "tem de ser a Europa, mantendo-se unida, a ter de trabalhar em duas direções", a primeira das quais é "manter as relações com a América, mesmo que a América não esteja entusiasmada nisso".
Por outro lado, defendeu que a Europa tem de "criar outras condições para facilitar a resolução dos problemas que tem, quer do ponto de vista económico, quer do ponto de vista de segurança - sabendo que, de facto, há aqui uma orientação que foi sempre diferente da orientação tradicional americana".
Interrogado se teme que com a nova administração norte-americana a guerra da Ucrânia termine com cedências territoriais significativas à Rússia, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: "Vamos esperar. Tudo aquilo que eu dissesse agora não facilitava, não é? E acho que os chefes de Estado e de Governo europeus devem ter esse bom senso".
"Tudo que puderem fazer para dar força ao NATO, para manterem uma linha de orientação que signifique segurança para a Europa e reforce a segurança na Europa, porque é difícil recuperar economicamente sem segurança, devem fazer", completou.
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