"Há despejos em todo o sítio, parece que há uma concertação entre as câmaras", disse à Lusa Flávio Almada, um dos porta-vozes do movimento, que tem realizado assembleias regulares em várias comunidades da periferia de Lisboa.
O ativista suspeita que o aumento das ações de despejo não seja alheio ao facto de que "já se começa a falar das autárquicas", recordando "a forma como a imagem construída sobre os bairros está associada a uma questão de medo e pânico moral".
Os despejos -- refere -- estão a acontecer "não só em Loures, como também em Lisboa e também em Sintra", estendendo-se à Margem Sul, nomeadamente a Almada.
"Há cada vez mais situações parecidas", constata, referindo que o Vida Justa tem "tentado cada vez mais ir a esses lugares".
O movimento não culpa apenas as autarquias, responsabilizando também o Estado central. "É uma questão que se podia resolver", realça Flávio Almada, recordando que o Governo podia declarar o fim imediato dos despejos.
Além da luta pela habitação, o Vida Justa tem-se focado na questão dos serviços nos bairros, nomeadamente os transportes públicos.
"Até conseguimos que um autocarro começasse a passar mais próximo do posto do trabalho das empregadas domésticas, no Cacém", congratula-se Flávio Almada.
Conhecer a realidade, fazer o diagnóstico dos problemas e traçar um plano de ação é o método de trabalho do Vida Justa, que, depois da primeira Assembleia Popular dos Bairros, realizada em novembro, prepara agora a Grande Marcha dos Bairros, que irá percorrer os territórios da Área Metropolitana de Lisboa, durante os meses de março e abril, "com manifestações e ações políticas".
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