Pelo menos cinco mulheres, com idades entre os 17 e os 72 anos, foram assassinadas ao longo do mês de janeiro, de acordo com as autoridades. Comparando com janeiro de 2024, registaram-se mais duas vítimas e o Observatório das Mulheres Assassinadas alerta que "os números da violência contra mulheres não têm estado a diminuir".
O primeiro homicídio de uma mulher este ano ocorreu em contexto de violência doméstica, quando um homem de 80 anos matou a mulher, de 72 anos, no passado dia 7 de janeiro, em Lisboa, recordou o Público. Segundo a Polícia Judiciária (PJ), os "factos ocorreram no interior da residência do casal, em contexto de disfuncionalidade familiar" e o suspeito ficou sujeito à medida de coação de prisão preventiva.
Dois dias depois, na madrugada de 9 de janeiro, uma mulher, de 46 anos, foi assassinada pelo marido em frente aos filhos menores, de seis e 14 anos, no Barreiro. Em comunicado, a PJ indicou que um dos filhos "terá mesmo tentado impedir a agressão".
Os casos graves de violência contra mulheres aumentaram ao longo da última semana, com a morte de uma mãe e filha, de apenas 17 anos, em Sesimbra. Na quinta-feira, 30 de janeiro, um homem, de 43 anos, esfaqueou a mulher, de 45 anos, e a enteada até à morte, suicidando-se de seguida.
O alerta foi dado durante a madrugada e, quando as autoridades chegaram à habitação, depararam-se com três cadáveres e um bebé de 16 meses, que escapou ileso e foi entregue a familiares.
Também a 30 de janeiro, uma doente oncológica morreu no Hospital de Braga, dias após ser agredida por um outro utente. O caso foi participado ao Ministério Público (MP) e o hospital abriu um inquérito com caráter de urgência.
Na sexta-feira, 31 de janeiro, uma outra mulher, com idade entre os 30 e os 40 anos, foi encontrada morta no Bairro de Francos, em Ramalde, no Porto, com sinais de violência. No entanto, apesar de as autoridades suspeitarem de homicídio, não há, ainda, confirmação oficial.
"Os números da violência contra mulheres não têm estado a diminuir"
"Os números da violência contra mulheres, nomeadamente a violência doméstica, os femicídios, mas também crimes como as perseguições, situações de assédio e situações de violação, não têm estado a diminuir ao longo dos últimos anos", indicou Cátia Pontedeira, investigadora do Observatório das Mulheres Assassinadas, em declarações à RTP.
Para o Observatório, é necessário "trabalhar a questão do consentimento em contexto escolar, com crianças e jovens e também com pessoas adultas".
Segundo os dados preliminares sobre as Mulheres Assassinadas em Portugal, divulgado em novembro de 2024 pelo Observatório das Mulheres Assassinadas, entre 1 de janeiro e 15 de novembro de 2024, 25 mulheres morreram: 20 vítimas de femicídios e cinco vítimas de assassinatos em outros contextos.
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