Ofer Kalderon, o cidadão luso-franco-israelita libertado no sábado pelo Hamas, após 15 meses em cativeiro, só soube há alguns dias que o filho mais velho, de 19 anos, tinha sobrevivido ao ataque de 7 de outubro de 2023.
"Ele viveu com uma grande incerteza, enquanto esteve em cativeiro, mas depois viu uma entrevista nos jornais que permitiu perceber que o filho estava vivo", contou um primo de Ofer Kalderon, Eyal, à imprensa israelita, após ter estado com os filhos do refém libertado.
"É inimaginável o que ele passou lá, mas pelo menos ontem [sábado] estava num lugar positivo. Ainda há um longo caminho a percorrer, a reabilitação será longa e ainda haverá altos e baixos", acrescentou.
O primo frisou ainda que é "importante que as pessoas saibam que as fotos de ontem enganam e não refletem o que Ofer passou", referindo-se às imagens em que o luso-israelita aparece a sorrir.
"Ele está agora a ganhar forças, a respirar pelos filhos, e a começar a entender o que lhe aconteceu neste ano e meio", disse.
Recorde-se que Ofer Kalderon, 54 anos, obteve a nacionalidade portuguesa, pela sua origem sefardita, depois de ter sido feito refém com dois dos quatro filhos, a 7 de outubro de 2023.
O seu advogado, José Ribeiro e Castro, submeteu então ao Governo um pedido de urgência por razões humanitárias na análise do seu processo, conseguindo que a Conservatória dos Registos Centrais emitisse a certidão de nascimento, confirmando a dupla nacionalidade do franco-israelita.
Segundo os media israelitas, Ofer Calderon estava no Kibutz Nir Oz, onde morreram mais de 100 residentes e 15 trabalhadores agrícolas estrangeiros, além de ter sido capturados cerca de 80 reféns.
Kalderon, juntamente com Erez e Sahar, dois dos seus quatro filhos, fugiram inicialmente do seu abrigo pela janela durante o ataque do Hamas, para os campos, onde mais tarde foram capturados.
Sahar Calderon, 16 anos, e Erez Calderon, 12 anos, foram libertados em 27 de novembro de 2023 no âmbito de um acordo de cessar-fogo temporário entre o Hamas e Israel, mediado pelo Qatar e pelos Estados Unidos.
Segundo o jornal Times de Israel, Hadas Kalderon, a ex-mulher de Ofer, estava no quarto fechado da sua casa no kibutz, segurando a maçaneta da porta contra os atacantes.
O seu filho mais velho, Rotem, de 19 anos, também sobreviveu no quarto do seu apartamento, na zona mais jovem do kibutz, enquanto a sua irmã mais velha, Gaya, de 21 anos, estava em Telavive.
A mãe e uma sobrinha de Hadas Kalderon foram mortas no ataque, os seus corpos foram encontrados a 19 de outubro.
A mulher do luso-franco-israelita esteve em frente ao Ministério da Defesa durante dias até que os seus dois filhos fossem libertados, e os membros da família continuaram a mobilizar-se para obter a libertação de Ofer Kalderon.
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