"Sabíamos que isto iria acontecer. As associações de Espanha, França, Finlândia, o Comité Anti-Guerra e muitas outras organizações e meios de comunicação social já foram declarados indesejáveis. A Fundação Anti-Corrupção e o simbolismo da bandeira branca-azul-branca são geralmente reconhecidos como extremistas na Rússia", sublinhou Timofei Bugaevskii, membro da associação.
Questionado pela Lusa sobre se tal qualificação impedirá a associação de continuar com os protestos contra a guerra na Ucrânia e contra o regime de Vladimir Putin, Presidente russo, Bugaevskii, respondeu que, pelo contrário, a ARLP irá continuar o trabalho "com um vigor renovado".
"Isto significa que estamos a prejudicar o regime de Putin com as nossas atividades", frisou o responsável da ARLP, cuja associação já realizou manifestações contra o conflito e contra Putin em frente à embaixada russa em Lisboa.
Está também ligada ao Comité Anti-Guerra, que foi declarado "indesejável" na Rússia em janeiro de 2024.
E esse "novo vigor" passa pela exposição de arte NO WAR [https://adrl.pt/net-voine/pt] que a associação vai realizar a 24 deste mês (das 17:00 às 22:00), na Padaria do Povo, em Lisboa, para apoiar a recolha de Energia para a Vida para centrais elétricas portáteis solicitadas por hospitais e escolas na Ucrânia.
"A recolha está a ser organizada por associações de russos como a nossa em todo o mundo, com o apoio do Comité Anti-Guerra. Gostaríamos de convidar o público a discutir a nossa visão para o futuro da Rússia, que formámos e publicámos no nosso portal [adrl.pt], para estimular a discussão sobre a criação de uma alternativa atrativa ao regime de Putin para os russos e gostaríamos de organizar uma conferência sobre este tema", sublinhou Bugaevskii.
A Procuradoria-Geral da Rússia anunciou hoje que declarou "indesejável" a atividade da Associação dos Russos Livres, criada por emigrantes russos que se opõem à guerra na Ucrânia, entre eles os residentes em Portugal.
Segundo um comunicado oficial, a organização, fundada em 2022, defende o derrube do governo russo e pronunciou-se contra a "operação militar especial" na Ucrânia.
Os membros ativos, segundo o Ministério Público russo, incluem participantes em protestos antigovernamentais em território russo, bem como "pessoas envolvidas em propaganda antirrussa e na promoção de ideias LGBT", o que é considerado crime na Rússia.
Sobre como vê o atual momento da invasão da Ucrânia pelos russos e o papel que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode desempenhar no processo negocial, Bugaevskii mostrou-se descrente em relação ao que Putin pretende fazer e que aguarda por factos e não especulações.
"Condenamos a atual invasão da Ucrânia pela Rússia e a anexação de territórios internacionalmente reconhecidos da Ucrânia, que teve início em 2014. Chamam-nos traidores da Rússia, mas Putin mostrou claramente como está a destruir a economia, a população e o futuro da Rússia", respondeu.
"Somos acusados de protestar por dinheiro, mas não somos pagos e a suspensão da USAID [Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional] mostrou que não estamos relacionados com o Departamento de Estado norte-americano", acrescentou.
Segundo Bugaevskii, tal como acontece com as informações que a associação partilha nas redes sociais, a ARLP "vai esperar até que haja um acontecimento propriamente dito, em vez de rumores e especulações sobre o mesmo".
"Gostaria que fosse prestada ajuda às pessoas que estão a tentar alcançar a democracia nos seus países. A oposição na Bielorrússia, na Venezuela e no Irão demonstrou que a maioria das pessoas nesses países apoia a mudança, mas até agora os ditadores continuam no poder", concluiu.
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