Empresários, ambientalistas e autarcas rejeitam novo açude no Tejo

Empresários, ambientalistas e autarcas das Câmaras de Constância e Barquinha apelaram hoje à mobilização "contra a construção de um novo açude" no rio Tejo, junto àqueles municípios, alertando para os prejuízos que causaria em temos económicos, turísticos e ambientais.

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Lusa
14/02/2025 21:15 ‧ ontem por Lusa

País

Rio Tejo

"O objetivo desta conferência de imprensa foi reafirmar e não esquecer este assunto, que a consulta pública decorre até dia 28 deste mês, e também mobilizar as pessoas para participarem" e se envolverem num projeto cuja concretização trará "impactos negativos para o nosso território, não só para Constância, com para a Barquinha e para a região do Médio Tejo", disse hoje à Lusa o presidente do município de Constância (Santarém), Sérgio Oliveira.

 

Em conferência de Imprensa, promovida pelos municípios de Constância e Vila Nova da Barquinha, pelas juntas de freguesia de Constância e Praia do Ribatejo, pelo Fluviário "Foz do Zêzere" e pelo proTEJO -- Movimento pelo Tejo, foi debatido o impacto negativo previsível do novo açude a construir no rio Tejo, na localidade de Praia do Ribatejo, na zona entre Constância e Vila Nova da Barquinha, e anunciadas "ações de informação, sensibilização e mobilização" das comunidades.

"No caso específico de Constância, toda a planificação e desenvolvimento nos últimos 30 anos foi virado para os rios (...) e à cota [prevista] e do conhecimento técnico que temos da documentação disponibilizada [sobre o novo açude], a zona ribeirinha de Constância, uma parte dela, ficará submersa", notou o autarca.

Para Sérgio Oliveira, com a ideia de um novo açude, saem "todos prejudicados", num processo sobre o qual "deveria ter sido dado conhecimento prévio aos municípios e às associações locais, para envolver a população e a comunidade, para que efetivamente fosse construído um projeto que fosse de consenso de todos e que não fosse esta situação que prejudica altamente Constância, Barquinha e a região do Médio Tejo", declarou.

Em causa está a construção de um novo açude no Tejo, na zona definida como "Constância Norte", estando a decorrer o período de discussão pública do projeto até 28 de fevereiro, no portal público Participa (participa.pt), no âmbito do Estudo da Valorização dos Recursos Hídricos para a Agricultura no Vale do Tejo e Oeste.

Se os empresários e ambientalistas apontaram hoje a "impactos negativos no turismo natureza, na fauna, na flora", e na importância de um rio Tejo "livre de açudes e barreiras para preservar a biodiversidade e a dinâmica ribeirinha", os autarcas de Constância e Barquinha apontaram a uma cota de 20 metros que iria inundar a praia fluvial de Constância, recentemente inaugurada, a montante, assim como parte do trilho panorâmico do Tejo, a jusante, e condicionar o próprio acesso ao castelo de Almourol, edificado numa ilhota no rio e que ficaria sem água à sua volta.

"Há aqui situações que, objetivamente, quem está em Lisboa e quem está fora dos territórios não sente, não falou com as pessoas, tem desconhecimento deste lago [que será criado] e das suas consequências", disse à Lusa, por sua vez, o presidente do município de Vila Nova da Barquinha.

"É um açude de grande dimensão, estamos a falar de um lago [plano de água], dentro daquilo que está projetado, que rondará muito perto de dois a três quilómetros de extensão, com 20 metros de altura, e 400 metros de comprimento, e que tem um impacto significativo no território e, objetivamente, até em termos climáticos e em termos de humidade", frisou Fernando Freire.

Os autarcas, ambientalistas e empresários criticaram ainda a "falta de informação e de discussão" e a "falta de diálogo prévio" com os eleitos locais e com as comunidades sobre os reais impactos de um açude cujo projeto foi lançado a 2 de dezembro para consulta pública.

A posição dos autarcas de Constância e Barquinha é secundada pela Comunidade Intermunicipal (CIM) do Médio Tejo, entidade que agrega 11 municípios.

O Movimento PROTEJO, por sua vez, está a apelar aos cidadãos para aderirem ao seu parecer "Discordância" para a construção de um novo açude "pelos graves danos ecológicos que (...) irá exercer sobre os ecossistemas das bacias do rio Zêzere e rio Tejo, em incumprimento das Diretivas Quadro da Água, Aves e Habitats, e da Estratégia para a Biodiversidade 2030 da União Europeia".

Segundo o proTEJO, o novo açude também irá causar "danos económicos, sociais, patrimoniais e de paisagem cultural que afetarão as populações ribeirinhas dos concelhos de Vila Nova da Barquinha e Constância".

Leia Também: Encontrado corpo no rio Tejo. Deverá ser de pescador desaparecido

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