Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas após um discurso no âmbito do debate "O 11 de Março, 50 anos depois", no Picadeiro Real, em Lisboa.
O chefe de Estado disse aguardar pelas entrevistas que o primeiro-ministro e líder do PSD, Luís Montenegro, e o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, darão na noite de hoje à TVI/CNN e SIC, respetivamente.
Questionado sobre a necessidade de um último apelo aos dois líderes para um entendimento, o Presidente da República respondeu, sem especificar, que já disse "o que tinha a dizer", que "falou com eles muitas vezes" e que sabem o que pensa.
Sobre se estas conversas ocorreram nos últimos dias - após a crise política e o anúncio de uma moção de confiança ao Governo - o Presidente da República respondeu afirmativamente, escusando-se a fazer mais declarações.
Mais tarde, em breves declarações aos jornalistas após ter participado na cerimónia de entrega do Prémio Pessoa 2024 ao compositor Luís Tinoco, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado como é que se sente por poder tornar-se o Presidente da República que decretou mais vezes a dissolução da Assembleia da República.
"Mesmo número que o general Ramalho Eanes", respondeu o Presidente da República, antes de acrescentar que é o "primeiro interessado em não haver qualquer dessas evoluções".
"Vamos ver", disse.
Na passada quarta-feira, o Presidente da República admitiu eleições antecipadas em maio, no final de um dia em que o primeiro-ministro anunciou uma moção de confiança que tem chumbo prometido dos dois maiores partidos da oposição, PS e Chega, e que deverá ditar a queda do Governo.
O voto de confiança foi avançado por Luís Montenegro no arranque do debate da moção de censura do PCP, que foi rejeitada com a abstenção do PS na Assembleia da República, e em que voltou a garantir que "não foi avençado" nem violou dever de exclusividade com a empresa que tinha com a família, a Spinumviva.
Se a moção, que é debatida e votada amanhã, for rejeitada parlamento, Marcelo convocará de imediato os partidos ao Palácio de Belém "se possível para o dia seguinte e o Conselho de Estado "para dois dias depois", admitindo eleições entre 11 ou 18 de maio.
Além das entrevistas dos líderes partidários, a agenda política, dominada pela crise que poderá ditar a queda do Governo PSD/CDS de Luís Montenegro, fica hoje marcada por duas reuniões, uma do executivo e uma da comissão política do PS, maior partido da oposição.
[Notícia atualizada às 20h41]
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