No memorando do Conselho de Ilha enviado ao governo açoriano (PSD/CDS-PP/PPM), a que agência Lusa teve acesso, os conselheiros defendem que as acessibilidades são tema "prioritário e fulcral para o bem-estar, sustentabilidade e desenvolvimento" de São Jorge.
"Torna-se imperioso que as ligações, neste caso específico da ilha de São Jorge, existam e que funcionem de forma a servir quem cá vive e quem nos visita", sublinham.
O documento reivindicativo centra atenções nas acessibilidades e vai ser discutido na reunião do Conselho de Ilha com o Governo Regional, que irá decorrer durante a visita estatutária do executivo a São Jorge, que começa na terça-feira.
A propósito das ligações aéreas, o Conselho de Ilha critica a criação de um teto máximo de 600 euros no valor elegível para o subsídio social de mobilidade, apesar de a tarifa ter sido reduzida de 134 para 119 euros.
"Os estudantes que frequentam estabelecimentos de ensino fora da região enfrentam dificuldades acrescidas pelo facto de, atualmente, ser quase impossível efetuarem reservas que permitam a viagem abaixo do 'plafond' estabelecido pelo programa social de mobilidade", avisam.
As tarifas máximas pagas por residentes e estudantes dos Açores e da Madeira nas viagens para o continente e entre os dois arquipélagos, no âmbito do subsídio social de mobilidade, baixam a partir de quinta-feira.
A redução do valor acontece na sequência das mudanças implementadas pelo Governo da República ao modelo do subsídio, que incluem a criação de um teto de 600 euros para o reembolso nas viagens a partir dos Açores.
O Conselho de Ilha de São Jorge expressa preocupação com a "indisponibilidade de lugares em voos" ao "longo de todo o ano" e com a "existência de apenas um voo aos domingos durante o inverno", num "horário que prejudica viagens de fim de semana e deslocações de equipas" desportivas.
Além disso, acrescentam, "a aerogare não reúne todos os aspetos qualitativos necessários para a função que lhe é atribuída" e é fundamental a divulgação dos horários de verão com a "devida antecedência"
Por outro lado, os conselheiros lamentam os constrangimentos nas ligações marítimas.
"Apesar de ter sido criada pela Atlânticoline a linha laranja (durante alguns meses do ano), continua e ser impossível nos restantes meses sair de São Jorge e regressar no mesmo dia [via marítima]", criticam.
O Conselho de Ilha exemplifica com as ligações marítimas entre a Calheta e Angra do Heroísmo (ilha Terceira) que "não permitem viajar apenas no fim de semana" e com o cancelamento e mudanças de portos de destino "com justificações nem sempre aceitáveis" na viagem para o Pico.
Os conselheiros sinalizam também a "instabilidade" no transporte marítimo de mercadorias, a degradação das estradas e a ausência de uma rede de transportes coletivos "eficaz e capaz de responder às reais necessidades".
O Conselho de Ilha é um órgão consultivo do Governo dos Açores composto pelos presidentes das câmaras e assembleias municipais, por quatro membros eleitos por cada assembleia municipal, por três presidentes de junta de freguesia e representantes de organizações económicas, sindicais e sociais da ilha.
Segundo o Estatuto dos Açores, o Governo Regional tem de visitar cada uma das ilhas do arquipélago pelo menos uma vez por ano, com a obrigação de reunir o Conselho do Governo na ilha visitada.
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