Um recluso que estava a ser assistido no Hospital de Coimbra tentou fugir na madrugada deste domingo, tendo sido travado pelos guardas prisionais que o acompanhavam.
Segundo explicou o presidente do Sindicato Nacional da Guarda Prisional (SNGP) ao Notícias ao Minuto, tudo aconteceu entre as 2h30 e 5h00, quando o recluso, de 30 anos, se queixou de dores abdominais. Foi contactado o SNS24, que reencaminhou o recluso para o hospital, por forma a fazer "exames complementares."
Enquanto o paciente aguardava para realização e posterior resultado dos exames, um dos três agentes que o transportaram teve de regressar ao estabelecimento prisional, devido "à escassez" de guardas prisionais no local.
Foi após ter alta hospitalar e ficar "comprovado que estava a simular" as dores em causa que o homem tentou encetar a fuga, ao sair da unidade hospitalar para a carrinha onde estava ser transportado. "Isto foi programado", defendeu o presidente do sindicato.
O homem realizou os exames necessários e, após ter tido alta hospitalar, "já junto à saída e quando recebia ordem para entrar na carrinha", tentou fugir, algemado, em direção ao Heliporto de Coimbra, segundo Frederico Morais.
Tanto o agente que o acompanhava como o que estava na carrinha correram atrás do homem, que algemado viu as suas capacidades para fugir 'travadas'. Note-se que os guardas prisionais em questão tinham entre 50 e 60 anos, o que, face a um fugitivo de 30 anos, pode criar dificuldades.
Ainda assim, como estava algemado, o recluso "não conseguiu correr tão bem" e foi alcançado por um dos guardas, que "o fez cair." Nenhum dos envolvidos ficou ferido durante a ocorrência.
"Não conseguimos perceber se estava alguém para o auxiliar na direção do heliporto, mas ele sabia para onde ia fugir. Quem nos garante que não estava a ser auxiliado?", questionou, em declarações ao Notícias ao Minuto.
Frederico Morais deu ainda conta de que o recluso está a cumprir uma pena de seis anos e nove meses por assaltos, mas que "não se sabe" o historial deste homem no Brasil, de onde é natural.
Guardas insuficientes (e enfermeiros também)
Ao Notícias ao Minuto, Frederico Morais reforçou a denúncia de escassez de guardas prisionais, mas também de enfermeiros no local, o que pode colocar em "perigo a população."
O SNGP defende que no mínimo devem estar, em saídas semelhantes a esta, três guardas prisionais em permanência, mas que a escassez nos estabelecimentos acaba por afetar as prisões em si. "Para não faltarem de um lado, fazem falta do outro", afirmou.
Um outro problema "grave" é a inexistência de enfermeiros "24 sobre 24 horas", tendo a situação já sido explanada junto do Ministério da Justiça, que abriu um concurso público para a contratação de mais 96 enfermeiros.
Apontando que, recentemente, o Ministério da Justiça "detetou excesso de saídas de reclusos", o líder sindical indicou que está a existir demora na contratação destes 96 enfermeiros, que poderia ter resultado numa fuga. Este 'corte' nos serviços de enfermagem nas prisões, assegurou Frederico Morais, surgiu - e mantém-se - desde a década de 2010.
Recusando estar a causar algum tipo de "alarme social", Frederico Morais disse estar preocupado, já que em vez de uma fuga se podia estar a "falar de mortes". Apelando ao reforço dos guardas prisionais, também "insuficientes" nos 49 estabelecimentos prisionais espalhados por todo o país, o líder do sindicato considerou que, para resolver esta situação, é precisa ação política e que não se pode estar "dependente de quedas de governos."
"Um país só é seguro quando o último reduto de segurança nacional for seguro, que são as cadeias", disse o responsável, adiantado que num momento como este, à beira das eleições, "não se fala publicamente das prisões", ainda que admitindo que a situação conste dos programas eleitorais.
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