A instalação, organizada por um grupo de cidadãos portugueses e estrangeiros, ativistas e membros de movimentos como o Coletivo pela Libertação da Palestina, Estudantes pela Libertação da Palestina e 'Parents for Peace', visou "dar voz às 18 mil crianças assassinadas e aos milhares que ficaram órfãs ou mutiladas", explicou Sara Silva Natária, uma porta-voz do grupo.
"Estamos aqui para dar voz às 18 mil crianças assassinadas por Israel, às 18 mil crianças inocentes a quem Israel roubou a voz, roubou a vida", afirmou, chamando a atenção para "o sofrimento contínuo das crianças que enfrentam fome e sede" devido ao bloqueio de ajuda humanitária.
Além das mortes, disse Sara Natária, "há milhares de crianças mutiladas, muitas submetidas a amputações sem anestesia, e dezenas de milhares que agora vivem órfãs, sem acesso a comida ou água potável".
Os participantes distribuíram folhetos informativos, incentivando o boicote a produtos israelitas e promovendo doações para organizações como o Palestine Children's Relief Fund (PCRF).
O grupo de ativistas convidou também os transeuntes, que se manifestavam solidários com esta causa, a participarem nas vigílias diárias realizadas em frente à Câmara do Porto.
"Nem toda a gente tem de vir para a rua manifestar-se, nem toda a gente tem de ser ativista, há muitas formas de ajudar. As pessoas podem boicotar os produtos israelitas, podem doar dinheiro para ajudar, podem rezar, porque embora as religiões sejam diferentes, Deus é o mesmo, e estas crianças precisam e merecem toda a ajuda possível e imaginária", defendeu a ativista.
Esta manifestação de solidariedade contou também com a presença de famílias, entre elas, a de Gabriela Yasmin Pinheiro, que trouxe as suas duas filhas, de dois e seis anos, para o protesto.
"É importante, eu, como mãe, estar aqui a ensinar as minhas filhas que quando há um país que está a fazer um genocídio, temos de protestar", disse, emocionada, explicando que a sua filha mais velha, de seis anos, fez um cartaz com a imagem de uma menina palestiniana da mesma idade, que foi morta.
Sara Natária enfatizou que o grupo é apartidário e composto por cidadãos comuns movidos pela empatia.
"Somos seres humanos. Sentimos empatia pelas crianças que estão a ser assassinadas, pelo povo palestiniano que está a sofrer um genocídio", afirmou.
Sobre o papel do Governo português, Sara Natária considerou que Portugal "tem estado aquém. Países como Espanha, Irlanda e Noruega já tomaram posições mais corajosas".
"Acreditamos que Portugal pode e deve fazer o mesmo", porque "a história vai recordar as pessoas que estiveram do lado certo, os que defenderam os inocentes que estão a ser assassinados", disse.
Esta ativista disse acreditar que é "uma questão de tempo" até que a maior parte das pessoas "atinja o limite".
"Estamos aqui para tentar criar mais essa consciência e ajudar as pessoas a envolverem-se da maneira que for mais confortável para elas. Qualquer pessoa que seja mãe, pai, avó, tia, irmã ou prima, sabe que estas 18 mil crianças podiam ser os filhos, os irmãos, os netos, e sente que isto é uma injustiça que tem de parar", referiu.
Através de uma linha criada com centenas de peças de roupa infantil ao longo da movimentada Rua de Santa Catarina procurou-se transmitir "a escala dos crimes cometidos".
Rosie Marteau, membro do coletivo 'Parents for Peace' Portugal e mãe de duas crianças portuguesas afirmou: "Só queremos que mais pessoas tomem consciência".
"Não podemos deixar que isto aconteça à nossa frente sem fazermos nada. Quanto mais pessoas falarem, menos teremos medo de denunciar que o que está a acontecer é mesmo um genocídio. Não devia ser considerado radical não querer que crianças sejam assassinadas", disse.
Todas as roupas utilizadas nesta ação de solidariedade serão lavadas e doadas a associações de caridade, tal como a Vida Norte, que apoia mães e bebés em situação de fragilidade, e o Centro São Cirilo, que ajuda migrantes e refugiados na zona do Porto.
Os dados relativos ao número de crianças mortas desde 07 de outubro de 2023 variam, segundo a organização, entre 15.613 e 18.600, enquanto se estima que 40.000 crianças tenham ficado órfãs.
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