EUA "mais atentos" aos problemas do mundo com Leão XIV, diz jesuíta

O jesuíta português Ricardo da Silva, vigário numa igreja de Nova Iorque, acredita que Leão XIV poderá ajudar os norte-americanos a "prestarem mais atenção" e a ficarem mais "sensibilizados" face aos problemas e necessidades do mundo. 

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Lusa
10/05/2025 08:17 ‧ há 6 horas por Lusa

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ENTREVISTA

Em entrevista à Lusa em Manhattan, no centro de Nova Iorque, Ricardo da Silva, que é também jornalista e produtor do 'podcast' "Inside the Vatican", contou que foi com "total surpresa" que recebeu a notícia da eleição do primeiro Papa norte-americano da história. 

 

Porém, admitiu que chegou a publicar um artigo esta semana em que deu Robert Francis Prevost como potencial futuro líder da Igreja Católica. 

"Foi uma surpresa total. Nós, vaticanistas, nunca diríamos que um Papa pudesse vir dos Estados Unidos (EUA). Então, foi uma surpresa total. Embora, num artigo que eu publiquei esta semana, por acaso tive um pressentimento que poderia ter sido o Papa Leão XIV. Ao ler o perfil dele, deu-me a ideia que fosse este o Papa que pudesse falar para nós neste tempo", explicou. 

A viver e trabalhar há cerca de seis anos nos EUA, o padre Ricardo da Silva considera que será uma mais-valia o Papa ter o inglês como língua materna, o que poderá contribuir para que a mensagem do novo pontífice chegue aos norte-americanos de uma forma mais intensa. 

"Ouvir o nosso próprio idioma toca-nos de outra forma, especialmente sem tradução. E ouvindo o Papa Leão XIV, que certamente vamos ouvir falar em inglês aos poderes deste mundo, vai ser um momento da Igreja muito significativo, porque não vai haver dúvidas" da mensagem que ele tentará passar, avaliou. 

Apesar da sua experiência e alinhamento com as ideias do Papa Francisco, o pontificado de Prevost vai enfrentar fortes desafios, sendo considerado sensível a questões como a imigração e justiça social. 

Nesse sentido, Prevost é visto como um crítico da política anti-imigração levada a cabo pelo atual Presidente dos EUA, Donald Trump. 

Nas últimas horas, começaram a surgir duras críticas a Leão XIV dentro da ala mais conservadora dos EUA, que classificou o novo Papa como marxista ou como um Papa 'woke'. 

Face a essas críticas, Ricardo da Silva, que é um dos responsáveis por celebrar a eucaristia na Igreja de São Francisco Xavier, em Manhattan, manifestou otimismo de que o novo Papa, nascido nos EUA, conseguirá sensibilizar os seus compatriotas para vários dos problemas do mundo. 

"Sabemos que os norte-americanos tendem a ficar um pouco fechados em si mesmos, digamos. E com um Papa vindo deles, acho que vão prestar mais atenção. Acho que isto vai ser um momento em que as pessoas vão sensibilizar-se para as necessidades do mundo de uma forma muito mais poderosa do que até agora", avaliou. 

Para este jesuíta português, o novo Papa falará na "contramão" dos "poderes financeiro, económico e social" que dominam nos EUA, dando seguimento ao trabalho do seu antecessor. 

"Este é um Papa missionário. Um Papa que se aproxima aos pobres. Nós já estamos a receber histórias do Peru que nos contam que este é um Papa que andava pelos bairros mais pobres, mais empobrecidos, muito na veia do Papa Francisco", acrescentou. 

Questionado sobre as principais qualidades que vê em Leão XIV, Ricardo da Silva apontou a humildade e a noção de igualdade que deverá levar para o seu papado, defendendo sempre a necessidade de se "caminhar junto como Igreja, caminhar junto como sociedade, caminhar mão em mão". 

"Acho que nós temos um Papa que está disposto a ouvir a Igreja do chão, mesmo dos pés da Igreja, onde a Igreja trabalha, onde a Igreja opera no mundo. É onde este Papa quer estar. Creio que vai ser daqui que este Papa se vai pronunciar", concluiu, em entrevista à Lusa. 

O cardeal Robert Francis Prevost, 69 anos, foi eleito Papa na quinta-feira, após dois dias de conclave, na Cidade do Vaticano, e assumiu o nome de Leão XIV. 

Nascido em Chicago, Estados Unidos, o novo Papa tem ascendência espanhola e nacionalidade peruana, e pertence à Ordem de Santo Agostinho. 

Leão XIV sucede ao Papa Francisco, que morreu em 21 de abril, aos 88 anos. 

Leia Também: Guiné-Bissau deseja "pontificado abençoado" ao Papa Leão XIV

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