"É um setor que, ao longo dos anos, tem vindo a degradar-se, tem vindo a ficar esquecido pela classe política, e não podemos esquecer que somos uma região autónoma, vivemos numa região insular, vivemos numa ilha e é fundamental que tenhamos o setor primário em conta", afirmou o cabeça de lista, Miguel Castro.
O também líder do Chega/Madeira falava aos jornalistas no âmbito de uma ação de campanha no Mercado dos Lavradores, no centro do Funchal, onde os candidatos distribuíram panfletos, esferográficas e camisolas.
"É fundamental priorizar, modernizar e aliciar especialmente os jovens para as áreas do setor primário", disse Miguel Castro, para logo acrescentar: "É fundamental valorizar o setor primário não só a nível de abastecimento logístico da região, mas também a nível de proteção da nossa paisagem (...), que vende a imagem da Madeira no exterior, para o nosso mercado turístico."
O candidato alertou para dependência da região em termos de abastecimento de mercadorias, lembrando que, durante o período da pandemia de covid-19, a agricultura regional assumiu um papel de destaque no fornecimento de alimentos à população.
Questionado sobre a rejeição, na terça-feira, da moção de confiança apresentada pelo Governo minoritário PSD/CDS-PP na Assembleia da República, Miguel Castro disse que o país assistiu a um "espetáculo degradante" no parlamento nacional, mas considerou que o atual cenário "beneficia a transparência na classe política".
"Nós vimos que tanto lá [no continente], como cá [na Madeira], existem políticos que estão agarrados ao poder e que não querem afastar-se, mesmo sabendo que prevaricaram, que não estão em situação judicial e política para se manterem à frente de forças políticas, hipotecando muitas vezes o valor eleitoral dos seus próprios partidos", afirmou.
O cabeça de lista do Chega considera que o debate da moção de confiança resultou num "espetáculo degradante entre duas forças políticas [PSD e PS] que querem dominar o panorama português e que se esqueceram efetivamente de Portugal e dos portugueses".
Miguel Castro sublinhou que quem entra na política, fá-lo por "livre e espontânea vontade" e sabe de antemão que será escrutinado.
"Vamos ser escrutinados e temos de ser escrutinados, o que não podemos é sobrepor o peso partidário à frente dos interesses da população portuguesa e do nosso país", defendeu, vincando que, apesar da turbulência, esta é uma fase para "limpar as suspeitas no mundo da política".
O candidato do Chega indicou, por outro lado, que o líder nacional do partido, André Ventura, vai deslocar-se à região na próxima semana para participar na campanha.
"A Madeira é Portugal e André Ventura terá muito gosto em se juntar aos madeirenses e dizer que o projeto do Chega é um projeto nacional para reformar a política portuguesa", afirmou.
As legislativas da Madeira, as terceiras em cerca de um ano e meio, decorrem no dia 23, com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo único: CDU (PCP/PEV), PSD, Livre, JPP, Nova Direita, PAN, Força Madeira (PTP/MPT/RIR), PS, IL, PPM, BE, Chega, ADN e CDS-PP.
As eleições antecipadas ocorrem 10 meses após as anteriores, na sequência da aprovação de uma moção de censura apresentada pelo Chega - que a justificou com as investigações judiciais envolvendo membros do Governo Regional, inclusive o presidente, Miguel Albuquerque (PSD) -- e da dissolução da Assembleia Legislativa pelo Presidente da República.
O PSD tem 19 eleitos regionais, o PS 11, o JPP nove, o Chega três e o CDS-PP dois. PAN e IL têm um assento cada e há ainda uma deputada independente (ex-Chega).
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