"Tivemos oportunidade de dizer ao Presidente da República que a data preferida ou que achamos mais razoável seria 18 de maio", afirmou.
Mariana Mortágua falava aos jornalistas à saída de uma audiência com o Presidente da República, no Palácio de Belém, onde Marcelo Rebelo de Sousa recebe hoje todos os partidos com assento parlamentar, na sequência da demissão do Governo PSD/CDS-PP causada pelo chumbo da moção de confiança ao executivo.
A líder bloquista defendeu que as eleições legislativas antecipadas devem acontecer "o mais rapidamente possível, mas é preciso haver tempo" para acautelar as "obrigações legais de cada partido" e "preparar este processo, que tem as suas burocracias".
"Entendemos que por uma razão meramente administrativa, burocrática e legal pode ser difícil, sobretudo a partidos mais pequenos, talvez até a partidos mais pequenos que o Bloco de Esquerda, poderem fazer o processo legal de validação de candidatos, de listas, até junto das entidades públicas", afirmou.
Mariana Mortágua considerou que o país vai novamente a eleições "pela pior razão possível, um primeiro-ministro que não está à altura do seu cargo".
"Eu temo que o primeiro-ministro não se tenha apercebido da gravidade do que se passou até ontem ao momento da votação da moção de confiança. Um primeiro-ministro que não compreende que não pode ser primeiro-ministro e receber avanças de uma empresa ao mesmo tempo, e que por isso tem de demitir, é uma péssima razão para irmos a eleições. Mas elas aqui estão", afirmou.
A líder bloquista indicou que o BE quer aproveitar a campanha eleitoral para "discutir coisas importantes" e temas como habitação, trabalho, saúde.
"Esse vai ser o foco da nossa campanha, e eu acredito que apesar de uma campanha tão difícil, apesar de tanto barulho, apesar de tanto desvio das atenções, apesar das piores razões e do mau serviço que ontem vários partidos e principalmente o PSD prestou à democracia e à credibilidade da Assembleia da República, eu penso que as pessoas vão participar neste processo eleitoral e vão entendê-lo como uma oportunidade para mudar a sua vida", sustentou.
A coordenadora do BE afirmou também que "antes desta crise do primeiro-ministro", houve outros problemas.
"Havia uma ministra da Saúde que não ia continuar a ser ministra porque foi responsável por uma crise no INEM e por uma incapacidade do Hospital Amadora Sintra de responder, havia notícias sobre os preços da habitação dos mais caros do mundo, e esses são os problemas que se vão manter depois das eleições", elencou.
Mariana Mortágua disse esperar que a "esquerda possa sair reforçada", defendendo que "a direita não é uma solução para o país".
A coordenadora do BE disse também que o partido "nunca faltou a nenhum diálogo e a nenhuma ação, nenhum encontro que pudesse trazer mudanças para o país", depois de questionada sobre a possibilidade de entendimentos com o PS.
Sobre o Ministério Público ter aberto uma averiguação preventiva relacionada com o primeiro-ministro e com a empresa da família de Luís Montenegro, a bloquista recusou comentar, "por não conhecer os contornos desta análise prévia".
Mariana Mortágua chegou ao Palácio de Belém acompanhada do líder parlamentar Fabian Figueiredo e do dirigente Jorge Costa.
O Presidente da República está a ouvir ao longo do dia todos os partidos com assento parlamento e convocou para quinta-feira às 15:00 uma reunião do Conselho de Estado ao abrigo do artigo 145.º, alínea a) da Constituição, segundo a qual compete a este órgão pronunciar-se sobre a dissolução da Assembleia da República.
[Notícia atualizada às 17h16]
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