"O que dissemos ao senhor Presidente é que acompanhamos a reflexão do calendário já anteriormente definido", afirmou Paulo Raimundo, dizendo que agora caberá a Marcelo Rebelo de Sousa decidir "em função do que entender".
O dirigente comunista falava aos jornalistas à saída de uma audiência com o Presidente da República, no Palácio de Belém, onde Marcelo Rebelo de Sousa recebe hoje todos os partidos com assento parlamentar, na sequência da demissão do Governo PSD/CDS-PP causada pelo chumbo da moção de confiança ao executivo.
Perante a insistência dos jornalistas sobre o dia preferível para as eleições, o secretário-geral do PCP repetiu apenas que acompanha o calendário apontado pelo chefe de Estado, não manifestando preferência por alguma data, ao contrário do que fizeram os partidos que antecederam.
Paulo Raimundo defendeu que no novo ciclo político "é preciso abrir um caminho novo que responda àquilo que é preciso responder e que é a responsabilidade de qualquer governo", e "está inscrito inclusive na Constituição da República Portuguesa, que é uma política ao serviço daqueles que cá trabalham, daqueles que cá vivem, da maioria dos que põem o país a funcionar, daqueles que trabalharam uma vida inteira, da juventude que precisa viver no seu país, das crianças, olhando para o presente e para o futuro".
"É necessário romper com este caminho de submissão a esses interesses dos grupos económicos e responder às grandes urgências do país", nomeadamente "mais salários, pensões, Serviço Nacional de Saúde, acesso à habitação", acrescentou.
Questionado se o PCP está disponível para uma solução à esquerda para resolver os problemas que apontou, Paulo Raimundo começou por afirmar que "quem decide é o povo" e são os eleitores que "têm nas mãos a definição do cenário da noite e no pós-eleições".
"A segunda questão, talvez a grande condição e a condição decisiva, é que o cenário pós-eleitoral só terá resultado na resolução desses problemas que identificámos quanto mais força tiver o PCP e a CDU", defendeu o líder comunista.
"O que este ano também demonstrou de forma clara é que o PCP e a CDU nunca faltam aos salários, às pensões, aos direitos, ao Serviço Nacional de Saúde, à habitação, aos direitos das crianças. Nunca faltam. E, portanto, só se pode corresponder a isto, não é com alianças de esquerda ou com alianças daqui ou dali, só se pode corresponder a isto com mais força ao PCP e à CDU", considerou.
Raimundo disse também o combate do PCP "não é contra Luís Montenegro", mas "contras as políticas" do seu Governo.
Sobre o Ministério Público ter aberto uma averiguação preventiva relacionada com o primeiro-ministro e com a empresa da família de Luís Montenegro, o secretário-geral do PCP disse que os comunistas aguardam "os resultados dessa investigação" e que "quanto mais depressa tiver clarificado esses procedimentos, melhor".
"Acho que é útil para todos, em particular para quem quer ver tudo esclarecido, naturalmente", acrescentou.
A delegação do PCP era composta também pela líder parlamentar, Paula Santos, e os dirigentes João Ferreira, Margarida Botelho e Pedro Guerreiro.
O Presidente da República está a ouvir ao longo do dia todos os partidos com assento parlamento e convocou para quinta-feira às 15h00 uma reunião do Conselho de Estado ao abrigo do artigo 145.º, alínea a) da Constituição, segundo a qual compete a este órgão pronunciar-se sobre a dissolução da Assembleia da República.
[Notícia atualizada às 18h20]
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