O líder da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, manifestou-se disponível, esta quarta-feira, para um entendimento com o Partido Social Democrata (PSD), mas alertou que "não passa cheques em branco a ninguém".
"A Iniciativa Liberal é um partido responsável. Nós estamos num momento do sistema político em que, de facto, as questões da governabilidade são muito importantes e eu não creio que nós possamos entrar numa dinâmica sucessiva de eleições", afirmou em entrevista ao Telejornal da RTP1, defendendo que os portugueses não desejam mais eleições e que a instabilidade política "atrasa o país ainda mais".
Mas alertou: "Por outro lado, somos um partido, além de responsável, que não passa cheques em branco a ninguém".
Para o liberal, "quando chegar o momento" de um eventual entendimento entre o PSD e a IL, serão avaliadas duas questões: as "programáticas" e as "condições de credibilidade para exercer e desenvolver medidas".
"Não podemos deixar que as questões pessoais do primeiro-ministro sejam as únicas que se discutem", atirou.
Reiterando que a IL "é responsável, mas não passa cheques em branco", Rui Rocha defendeu que o partido "não pode suportar nas suas costas as questões de responsabilidade que dizem respeito à Aliança Democrática (AD)".
"A AD é que tem de mostrar que está à altura das circunstâncias. Como? Com propostas e também com credibilidade para colocar em prática essas propostas", acrescentou.
Sublinhe-se que, na semana passada, a Iniciativa Liberal rejeitou integrar qualquer coligação pré-eleitoral e anunciou que vai apresentar-se sozinha às eleições legislativas.
Num comunicado, a IL afirmou que, "como sempre", irá apresentar-se a eleições legislativas "com os seus candidatos, as suas propostas e as suas bandeiras, essenciais para que Portugal possa crescer e mudar para maior prosperidade".
O Presidente da República assinou esta quarta-feira o decreto para dissolver a Assembleia da República e marcar eleições legislativas antecipadas para 18 de maio, na sequência da demissão do Governo PSD/CDS-PP liderado por Luís Montenegro imposta pela rejeição da moção de confiança ao executivo a 11 de março.
A atual crise política teve início em fevereiro com a publicação de uma notícia, pelo Correio da Manhã, sobre a empresa familiar de Luís Montenegro, Spinumviva, detida à altura pelos filhos e pela mulher, com quem é casado em comunhão de adquiridos, - e que entretanto passou apenas para os filhos de ambos - levantando dúvidas sobre o cumprimento do regime de incompatibilidades e impedimentos dos titulares de cargos públicos e políticos.
Depois de mais de duas semanas de notícias - incluindo a do Expresso de que a empresa Solverde pagava uma avença mensal de 4.500 euros à Spinumviva - de duas moções de censura ao Governo, de Chega e PCP, ambas rejeitadas, e do anúncio do PS de que iria apresentar uma comissão de inquérito, o primeiro-ministro anunciou a 5 de março a apresentação de uma moção de confiança ao Governo.
O texto foi rejeitado com os votos contra do PS, Chega, BE, PCP, Livre e deputada única do PAN, Inês Sousa Real. A favor estiveram o PSD, CDS-PP e a Iniciativa Liberal.
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