O antigo presidente da Comissão Europeia Durão Barroso considerou "bastante estranho" que, passados tantos dias desde o apagão que afetou Portugal e Espanha, ainda não se saiba "exatamente o que aconteceu e porquê".
Esta posição foi partilhada numa entrevista ao espanhol 20minutos, que foi publicada esta quinta-feira.
"Continuamos a precisar, e estamos à espera, de um esclarecimento completo sobre o que realmente aconteceu e por que razão aconteceu. Penso que é extremamente importante que, com total transparência, os resultados de todas as investigações sejam tornados públicos", começou por dizer o social-democrata e antigo primeiro-ministro português.
"É, de certa forma, bastante estranho que, passados todos estes dias, ainda não saibamos exatamente o que aconteceu e porquê", considerou.
Para Durão Barroso, é necessário ter "uma política comum" neste domínio de forma a que se tirem "lições" e se construa "mais resiliência", não só na Península Ibérica, mas "em toda a Europa".
"Não significa que tenhamos de aplicar exatamente as mesmas soluções em todo o lado. Por exemplo, a Península Ibérica, de um ponto de vista geográfico, tem algumas especificidades e, por isso, as interligações na Península Ibérica e da Península Ibérica para o resto da Europa são um desafio específico. Mas a política energética comum, incluindo as questões de segurança energética, é e deve ser vista como um objetivo europeu comum", precisou.
Recorde-se que, em 28 de abril, um corte generalizado no abastecimento elétrico deixou Portugal continental, Espanha e Andorra praticamente sem eletricidade, bem como uma parte do território de França.
Aeroportos fechados, congestionamento nos transportes e no trânsito nas grandes cidades e falta de combustíveis foram algumas das consequências do apagão.
A Rede Europeia de Gestores de Redes de Transporte de Eletricidade anunciou a criação de um comité para investigar as causas deste apagão, que classificou como "excecional e grave", e que deixou Portugal e Espanha às escuras.
A organização vai investigar as causas essenciais, elaborar uma análise exaustiva e avançar com recomendações num relatório final sobre o incidente.
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