Em declarações aos jornalistas após ter visitado uma empresa metalúrgica em Santa Maria da Feira, distrito de Aveiro, Rui Rocha foi questionado sobre as palavras de Luís Montenegro que, esta tarde, disse não ser liberal nas medidas para a habitação, por considerar que "o mercado não resolve tudo" e é necessária intervenção do Estado.
"Nós já tínhamos percebido que Luís Montenegro não é liberal, já tínhamos percebido que as políticas de habitação da AD são políticas que não estão a funcionar, que fizeram aumentar os preços porque aumentou a procura e não teve a coragem necessária para tomar as medidas para que venham mais casas, que haja mais oferta", respondeu o líder da IL.
Rui Rocha defendeu que as políticas do seu partido para a habitação "estão certas", reforçando que tanto as que foram implementadas pelo PS, como pela AD, "estão a falhar".
"É o momento de os portugueses darem força à IL para nós começarmos a resolver os problemas da habitação, porque já percebemos que, com a AD, agrava-se aquilo que já era muito mau com o PS", referiu.
O líder da IL acusou a AD de não ter "tomado medidas do lado da construção que permitam trazer casas para o mercado" e ter sido "completamente ausente em medidas para o mercado de arrendamento".
Interrogado se as medidas do partido para a habitação são inegociáveis num eventual acordo pós-eleitoral com a AD, Rui Rocha disse que serão matérias em que o partido será "tremendamente exigente"
"O que nós não vamos aceitar é que o discurso político continue a prometer coisas que nós sabemos que não vão acontecer e, portanto, quando nós dizemos que queremos baixar o IVA da construção -- que a AD não fez --, para trazer mais casas para o mercado, para nós é fundamental. Nós não prescindimos disso", assegurou.
Da mesma maneira, prosseguiu, quando a IL considera que é necessário que o mercado de arrendamento "tenha soluções, quer ao nível da Justiça, para ter uma Justiça mais rápida, quer para baixar a tributação dos rendimentos prediais", isso vai garantir que "muitas casas que estão desocupadas" poderão entrar no mercado.
"Disso nós não prescindimos. São exigências, podem chamar-lhes objetivos, exigências, o que entenderem", disse.
Sobre as críticas de Pedro Nuno Santos de que um Governo entre a IL e a AD poria em causa o Estado social, Rui Rocha disse que o seu partido já foi alvo de ataques de toda a esquerda, incluindo nesse espetro partidário o líder do Chega, André Ventura.
"Está feito o grupo completo, toda a esquerda: os dirigistas, os estatistas, os despesistas, estão todos. Isso tem um significado, é que a IL é mesmo o único partido que quer mudar o país e por isso é que incomoda tanto toda a esquerda: os socialistas, os comunistas... De André Ventura a Paulo Raimundo", disse.
Numa visita a uma empresa metalúrgica que faz fundição de alumínio e exporta principalmente para os Estados Unidos, Rui Rocha ouviu queixas das tarifas impostas pela administração norte-americana de Donald Trump, e aproveitou para deixar 'farpas' a André Ventura.
"Choca-me profundamente que, num país como Portugal, haja quem defenda o senhor Trump e não defenda os interesses de Portugal e dos portugueses", disse, acrescentando que quem apoia as políticas de Trump demonstra "pouca sensibilidade aos interesses dos portugueses e dos pequenos empresários".
"É completamente inaceitável (...) e é preciso perguntar se estão do lado dos portugueses, dos pequenos empresários e consumidores, ou se estão do lado do senhor Trump?", desafiou.
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