A composição do novo Governo foi conhecida esta quarta-feira e a oposição não demorou muito a reagir ao elenco, nomeadamente, à continuações de alguns responsáveis em pastas, assim como à nova tutela, da Reforma do Estado.
Hugo Soares, líder parlamentar do PSD, disse que a nova equipa ministerial liderada por Montenegro transmite "confiança" aos portugueses, destacou a prioridade política concedida à reforma do Estado e defendeu os resultados da ministra da Saúde.
"Se quisermos analisar os resultados e os factos, devemos então ser factuais na análise desses resultados. Há um ano, quando este Governo tomou posse, o Serviço Nacional de Saúde estava num caos autêntico", advogou.
O líder da bancada social-democrata admitiu a seguir que a pasta da Saúde ainda requer "muito trabalho", mas, na sua perspetiva, hoje, "os portugueses esperam menos tempo para cirurgias, esperam menos tempo nas urgências hospitalares e há mais portugueses com médicos de família do que havia há um ano".
E a oposição? O que diz?
O presidente do Chega, André Ventura, apontou que no último ano houve "problemas grandes na área da Justiça e na área da Saúde" e lamentou que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, tenha optado "por manter uma linha de continuidade". "Isto é profundamente errado", criticou, acusando o chefe do Executivo de "teimosia".
"Houve um consenso quase nacional de que a ministra da Saúde [Ana Paula Martins] cometeu erros, e erros de responsabilidade, erros graves, pessoas que viram as suas vidas destruídas por causa da falta de acesso do Serviço Nacional de Saúde, bebés que nasceram à porta do hospital ou à porta de casa", sublinhou o líder da oposição, em declarações aos jornalistas.
Também o Partido Socialista (PS) criticou a "continuidade", afirmando que "o pouco de novo" que foi anunciado traz ainda "apreensão" aos socialistas.
Na sede do PS, João Torres defendeu que o socialista manifestou perplexidade com o facto de se insistir em Ana Paula Martins para a Saúde, considerando que se trata de uma "solução desgastada" e que a ministra "já demonstrou por inúmeras ocasiões que não está à altura das responsabilidades."
Já o Partido Comunista Português (PCP) 'atirou' à criação da nova pasta da Reforma do Estado, que será responsabilidade de Gonçalo Matias.
A líder parlamentar, Paula Santos, comentou que esta 'vem', "claramente, com uma intenção de atacar os serviços públicos e as funções sociais do Estado e adaptar o Estado não para dar resposta aos cidadãos, mas para favorecer os interesses do capital".
Já pelo Livre, Paulo Muacho considerou que o novo Executivo é "mais do mesmo, mas em pior", e pediu explicações quanto ao que se pretende com a criação do novo ministério.
"Lembramo-nos muito bem o que é que significava a reforma do Estado da última vez que um Governo PSD/CDS falou em reforma do Estado. E, portanto, isso, do nosso ponto de vista, é preocupante", criticou.
Já a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, classificou a recondução da Ministra da Saúde "incompreensível". "Tem, para além de incompetência, um plano de destruição para o SNS. Temos pessoas a morrer sem conseguir chegar ao hospital e aterem o atendimento de que precisam", acrescentou.
Por sua vez, a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, considerou que o primeiro-ministro não conseguiu "ler o que os portugueses sentem neste momento", criticando as manutenções de Ana Paula Martins como ministra da Saúde e de José Manuel Fernandes como ministro da Agricultura.
Inês Sousa Real elogiou, no entanto, a escolha de Maria Lúcia Amaral como ministra da Administração Interna, destacando o seu trabalho como Provedora da Justiça e considerando que irá trazer uma visão mais "técnica e aprofundada" ao Governo.
Já o JPP considerou que, mais do que qualquer questão sobre os membros do segundo executivo PSD/CDS de Luís Montenegro, "neste momento, o país está ansioso para que o Governo governe".
"Mais do que a composição de um Governo e da ideia de avaliarmos se é o Francisco, José ou a Maria, os portugueses estão à espera de ação, de alguém que resolva os problemas", sustentou Filipe Sousa, insurgindo-se, sobretudo, contra a opção da bancada comunista de apresentar uma moção de rejeição ao Programa do Governo.
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