O comité de política monetária do banco votou por sete-dois a favor da descida, amplamente esperada pelos analistas, depois de o Office for National Statistics (ONS) ter informado no mês passado que o Índice de Preços no Consumidor (IPC) caiu para 2,5% no final de dezembro, ligeiramente abaixo dos 2,6% de novembro.
Em novembro, o banco central britânico tinha reduzido pela segunda vez o preço do dinheiro em 2024, de 5% para 4,75%, dada a tendência de descida da inflação naquela altura.
Ao anunciar a decisão, o banco afirmou que o corte era uma resposta aos progressos realizados até à data na redução das pressões inflacionistas, embora tenha avisado que a inflação irá aumentar temporariamente este ano - para 3,7% devido ao aumento dos preços da energia - antes de cair abaixo do objetivo de 2%.
Para garantir que a inflação se mantenha baixa, o banco decidirá "cuidadosamente" quanto irá cortar e quando o fará, acrescentou.
O banco disse também que espera que a economia cresça 0,75% este ano, contra uma estimativa inicial de 1,5%.
O governador do banco, Andrew Bailey, disse hoje que o corte será "uma boa notícia para muitos", mas que está a acompanhar de perto a economia e a situação mundial.
Na sequência do anúncio, a ministra das Finanças do Reino Unido, Rachel Reeves, afirmou que a redução da taxa de juro "é uma boa notícia, uma vez que ajuda a aliviar as pressões sobre o custo de vida sentidas pelas famílias em todo o país e facilita às empresas a contração de empréstimos para crescerem".
"No entanto, ainda não estou satisfeita com o crescimento", acrescentou Reeves, que sublinhou o objetivo do Governo de impulsionar "o crescimento económico e colocar mais dinheiro nos bolsos dos trabalhadores. É por isso que estamos a enfrentar os obstáculos que impedem o Reino Unido de voltar a construir, eliminando barreiras regulamentares desnecessárias e investindo no nosso país para reconstruir estradas, caminhos-de-ferro e infraestruturas vitais".
A economia do Reino Unido mantém-se fraca, apesar dos esforços do Governo trabalhista para impulsionar o crescimento, como prometido antes de chegar ao poder em julho passado, através de medidas como a construção de novas casas.
De acordo com os últimos dados oficiais, o Produto Interno Bruto (PIB) britânico subiu apenas 0,1% em novembro, o primeiro aumento da economia nacional em três meses.
Este ligeiro aumento seguiu-se a duas contrações de 0,1% em setembro e outubro, em comparação com a recuperação de 0,2% que os economistas tinham previsto.
A dívida líquida acumulada do setor público do Reino Unido, excluindo os bancos públicos, situou-se em 97,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido no final de 2024.
O rácio da dívida é 0,3 pontos percentuais acima do registado no final de dezembro de 2023, de acordo com o ONS, que salientou que a dívida permanece no nível mais elevado desde a década de 1960.
Só em dezembro passado, o endividamento foi de 17.800 milhões de libras (21.894 milhões de euros), mais 10.100 milhões de libras (12.423 milhões de euros) do que em dezembro do ano anterior e o nível mais elevado de endividamento para esse mês em quatro anos.
Em janeiro passado, os juros das obrigações do Estado subiram, reduzindo a margem de manobra do Governo para contrair empréstimos no âmbito da sua disciplina orçamental.
No mercado obrigacionista, os juros das obrigações a 10 anos mantiveram-se no nível mais elevado desde 2008, em torno de 4,89%.
Segundo analistas citados pela Efe, esta situação responde aos receios dos investidores de que a economia do Reino Unido esteja a entrar num período de estagflação (inflação elevada e estagnação económica).
A próxima reunião de política monetária do Banco de Inglaterra será em 20 de março.
[Notícia atualizada às 13h16]
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