Em declarações à margem da assinatura dos contratos de fornecimento de sardinha portuguesa entre a frota da Propeixe (Matosinhos) e a indústria conserveira nacional, que hoje decorreu naquela cidade do distrito do Porto, a governante expressou a convicção de que o certificado chegará no verão.
"Nós estamos já na reta final. São vários critérios que têm de ser sujeitos à avaliação. Mas estou em crer que no final de junho, julho, devemos ter o certificado já em curso (...) para que os nossos produtos tenham esse acréscimo de valorização e que vai, certamente, valorizar também o preço do produto", disse.
A certificação MSC é um modo de demonstrar que uma pescaria leva em conta as melhores práticas internacionais para a pesca sustentável. O peixe e marisco provenientes de pescarias certificadas podem apresentar a etiqueta azul do MSC, assegurando assim aos consumidores que o produto que estão a comprar é sustentável.
Cláudia Monteiro de Aguiar explicou, sobre o volume de pesca de sardinha autorizado para 2025, "que coube a Portugal 66,5% da quota ibérica, um acréscimo de cerca de cinco mil toneladas".
"Estamos a falar de mais de 16% do que o ano passado. São números bastante positivos para o setor", acrescentou.
O contrato hoje assinado, e que assegura o segundo ano de parceria entre as indústrias pesqueira e conserveira em Matosinhos, aumenta o envolvimento das empresas de transformação para oito, revelou o presidente da Associação Nacional dos Industriais de Conservas, José Maria Freitas.
"Já se juntou alguma indústria que no ano passado não estava envolvida, o que quer dizer que todas começam a ver a importância e o benefício desta associação. Este ano é um ano muito especial para nós e para a sardinha portuguesa, porque estamos num processo de certificação MSC. Ao dia de hoje só existe uma sardinha na Europa certificada que é a sardinha inglesa", afirmou.
Para o empresário, a certificação MSC "será uma mais-valia enorme", razão pela qual os contratos de 2025 "já refletiram uma mais-valia grande para a produção, porque relativamente aos anos passados" o preço subiu "mais de 10%".
Sobre a quota para 2025, José Maria Freitas espera que a "indústria e o escoamento permitam manter esta percentagem, porque dá uma mais-valia enorme na distribuição da sardinha, comparativamente com os espanhóis".
Da parte dos armadores, Agostinho da Mata, presidente da Propeixe, destacou que o contrato hoje assinado "tem um efeito na pescaria muito estabilizador", pois garante que "metade do que os barcos trazem para a terra está vendida a um preço fixo, o que lhes garante logo uma receita".
"O primeiro peixe que eles descarregam, obrigatoriamente, é vendido em lota", explicou.
"Vamos poder pescar mais cinco mil toneladas do que no ano passado. Vamos conseguir trabalhar mais algum tempo. E, portanto, isto são tudo boas notícias", considerou o armador, explicando o lado social do sucesso da parceria através da continuação dos pescadores a bordo.
Segundo Agostinho da Mata, os pescadores "recebem apenas quando pescam e, quando há estabilidade e peixe, esta é uma maneira de eles permanecerem a bordo dos barcos".
"É uma questão social. Temos que pescar e temos que vender bem para que todos ganhem o suficiente. A vida não está fácil para ninguém e para os pescadores muito menos. A vida é bastante dura, a vida que eles têm. Isto é uma preocupação e é o nosso dever. Fazer todas as boas artimanhas para conseguir estabilizar o setor", acrescentou.
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