"Como nós temos as nossas orientações de metas climáticas, a única forma sustentável de o fazer é através de uma forte eletrificação, e essa eletrificação vem com as energias renováveis. É o posicionamento que Portugal tem tido sempre", afirmou o governante à Agência Lusa em Londres, onde está a representar Portugal na Cimeira sobre o Futuro da Segurança Energética.
Numa intervenção hoje no evento, coorganizado pelo Reino Unido e pela Agência Internacional de Energia (AIE) e onde participam cerca de 60 países, o secretário-Adjunto interino de Assuntos Internacionais norte-americano, Tommy Joyce, criticou as políticas internacionais no sentido de reduzir a dependência de combustíveis fósseis.
"Opomo-nos a estas políticas nocivas e perigosas", disse Joyce, defendendo que "para uma verdadeira segurança energética, temos de tirar partido de todos os recursos que sejam acessíveis, fiáveis e seguros".
Pelo contrário, o secretário de Estado da Energia português defendeu ser possível equilibrar a competitividade económica com as preocupações ambientais, e reiterou o alinhamento com a visão da União Europeia (UE).
Barroca invocou o Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC 2030), que prevê a redução de emissões de gases com efeito de estufa para 55% face a 2005 e aumentar para 51% a quota de energias renováveis no consumo de eletricidade até 2030.
"Nós antes produzíamos energia através de carvão ou gás natural, mas queremos fazer com que a nossa energia seja cada vez mais competitiva e continuar a manter os preços entre os mais baixos da Europa, para que possamos captar investimento e proporcionar qualidade de vida às pessoas", salientou.
Esta estratégia depende de cooperação internacional, como a simplificação de procedimentos, licenciamentos e clareza legislativa, mas também de políticas planeadas a longo prazo que permitam atrair investimentos em redes, eficiência e inovação, importantes para a diminuição da dependência energética externa, acrescentou.
O secretário de Estado referiu ainda o potencial de empresas portuguesas capitalizarem o conhecimento resultante do desenvolvimento de tecnologias relacionadas com as energias renováveis, como a eólica.
"Acho que Portugal tem aqui boas condições, não só de ser um bom aluno, como de ser um 'player' ativo depois de trazer este 'know-how' [conhecimento] e exportá-lo para outros países", afirmou.
Durante a conferência, o diretor executivo da Agência Internacional de Energia (AIE), Fatih Birol, alertou para o risco da concentração da extração e processamento de minerais raros importantes para o desenvolvimento de energias limpas por certos países, como a China, que não está presente.
"Não interessa nada a Portugal fazer uma transição renovável se com ela depender de tecnologia que não tem. Daí a importância também de associarmos a questão da nossa transição climática e a nossa aposta nas renováveis a estratégias industriais que reforcem a nossa soberania, tanto na perspetiva da redução da dependência energética externa, mas também através da incorporação de 'know-how' e tecnologia nacional", disse Barroca.
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