"Dei a ordem para criar, nos próximos dias, a alta condecoração da República que levará o nome dos 200 anos da Grande Vitória de Ayacucho e vou colocar a condecoração que estou a criar a cada um destes homens, destes seres que hoje [quarta-feira] foram agredidos", anunciou Nicolás Maduro.
O Presidente da Venezuela falava durante as celebrações do 104.º aniversário da Aviação Militar Bolivariana, ato que foi transmitido pela televisão estatal venezuelana.
Maduro explicou que as novas sanções foram impostas pelo "Governo decadente dos EUA" contra um grupo de "homens eminentes", líderes militares, polícias, políticos e populares, escritores literários, que convidou para participarem nas celebrações.
"Se não fosse tão sério o tema das agressões, através das chamadas sanções, eu diria que o que eles fizeram é risível e ridículo. Atrever-me-ia a dizer que eles são ridículos e que nós nos rimos das suas sanções, mas não o vou fazer, embora seja isso o que provoca", frisou Maduro, que leu vários nomes dos sancionados e os apresentou ao país.
O anúncio da entrega das condecorações tem lugar depois de o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Venezuela divulgar um comunicado a condenar a imposição de novas sanções contra "um grupo de patriotas" que "se tem dedicado a salvaguardar a paz, a estabilidade, a recuperação económica e a unidade nacional perante a violência fascista desenhada, financiada e promovida desde Washington contra a vontade democrática do povo venezuelano".
"As medidas anunciadas são um ato desesperado de um governo decadente e errático, que procura esconder o seu retumbante fracasso eleitoral e a grave crise social em que está a deixar o país, com uma nova agressão ao nobre povo venezuelano", lê-se no comunicado.
Segundo Caracas, as sanções, anunciadas na quarta-feira "não promovem a democracia na Venezuela, mas procuram dar um último suspiro a um grupo fascista disperso e desacreditado que não tem raízes na população venezuelana, a fim de prolongar a sua política falhada de uma mudança de regime".
Os Estados Unidos anunciaram novas sanções a mais 21 aliados de Maduro, acusando-os de responsabilidade na repressão às manifestações após as eleições presidenciais de julho.
As sanções visam altos funcionários venezuelanos, incluindo 14 chefes de serviços de segurança próximos do Presidente, como o diretor do Serviço de Inteligência (SEBIN), Alexis Rodriguez Cabelo, e dez oficiais superiores da Guarda Nacional Bolivariana (GNB), força militar responsável pela ordem pública e que participou na repressão de manifestações, afirmou o Tesouro dos EUA em comunicado.
Na lista de sancionados estão ainda incluídos o diretor da agência correcional do país e o ministro do Gabinete da Presidência.
Estes juntam-se a uma lista de dezenas de venezuelanos sancionados, incluindo a presidente do Tribunal Supremo do país, ministros e procuradores.
Nicolás Maduro teve uma contestada vitória nas eleições presidenciais de 28 de julho, atribuída pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) com pouco mais de 51% dos votos, ao passo que a oposição afirma que o opositor Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.
Os resultados eleitorais foram contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.
A administração do atual Presidente norte-americano, Joe Biden, reconheceu na semana passada o candidato da oposição venezuelana como o "Presidente eleito" da nação.
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